Reflexão à Liturgia da Palavra do Domingo da Ascensão do Senhor
Celebramos hoje a Solenidade da Ascensão do Senhor. Jesus Cristo foi glorificado na sua Humanidade, entrando na glória do Céu. Ele precede-nos no Reino glorioso do Pai, para que nós, seus discípulos, vivamos na esperança de virmos a participar também na sua glória.
A Ascensão é a última aparição do Senhor ressuscitado. Desde o momento da morte entrou na sua herança. Desde a sua ressurreição subiu ao Céu a sentar-se à direita do Pai. “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”. O mistério da Ascensão celebra a Páscoa definitiva, o termo glorioso da obra salvífica de Jesus Cristo. Toda a vida de Jesus Cristo foi Ascensão: da Galileia a Jerusalém e de Jerusalém para o Céu. A Ascensão é o êxodo por excelência, a saída triunfante deste mundo para o Pai. O triunfo pascal é Ascensão gloriosa.
Estamos a celebrar também o 57.º Dia Mundial das Comunicações Sociais. O Senhor deu-nos este mandato: “Sereis minhas testemunhas até aos confins da terra” (Actos dos Apóstolos 1,5). Os meios de Comunicação Social têm, sem dúvida, uma importância fundamental neste testemunho cristão. O Papa Francisco, na mensagem que enviou a propósito do dia de hoje que devemos neste anúncio “falar com o coração”, como refere S. Paulo na Epístola aos Efésios 4,15: “Testemunhando a verdade no amor”.
S. Lucas, no início do Livro dos Actos dos Apóstolos, conta-nos como foi a Ascensão de Jesus ao Céu. “Enquanto Jesus partia”, refere a primeira leitura, tirada do Livro dos Actos dos Apóstolos 1, 1-11. S. Lucas começa a narração do Livro dos Actos dos Apóstolos, com a referência ao mesmo facto que tinha terminado o seu Evangelho; a Ascensão desempenha assim um papel de charneira, pois assinala tanto a ligação como a distinção entre a história de Jesus, que se realiza aqui na terra (O Evangelho) e a História da Igreja que então tem o seu início. À vista dos seus discípulos, Jesus Cristo subiu ao Céu. Ascensão quer dizer totalidade e plenitude de Jesus Cristo ressusitado. Foi sentar-se no seu trono de glória e retomar os direitos de Filho de Deus e vencedor do mal. O Pai exaltou-O, dando-lhe todo o poder e soberania real, sujeitando tudo a seus pés, como refere a segunda leitura. Aquele que desceu é Aquele que subiu para levar à plenitude todas as coisas.
A Ascensão triunfal consuma e continua o sacerdócio de Jesus Cristo, que entrou definitivamente no santuário, sempre vivo, a interceder por nós. (Epístola aos Hebreus 9,12). “Interessa-vos a minha partida”, diz S. João 16,7. Enquanto Jesus Cristo não for, o Espírito Santo não virá. É a saudade da partida que O torna mais vivo e presente. Há um connhecimento e amor que aumentam a distância. Na lógica da fé, ausência é plenitude.
O Salmo que vamos meditar e cantar é um cântico de louvor a Jesus Cristo, o Rei soberano de toda a terra, que subiu ao Céu entre aclamações e ao som da trombeta. Para Salmo Responsorial deste Domingo, a Liturgia propõe o salmo 46 (47) 2-3.6-7.8-9.
S. Paulo na Epístola aos Efésios 1, 17-23, escolhida para segunda leitura, fala-nos da esperança que constitui para nós a Ascensão de Jesus Cristo ao Céu, como Cabeça da Igreja, da qual nós somos membros. “Aquele que preenche tudo em todos”, refere a segunda leitura. A Ascensão do Senhor celebra a esperança cristã. Ao subir ao Céu, Jesus Cristo entrou como percursor a abrir caminho para fazer entrar os santos na glória, que o Pai nos tinha prometido. Levou cativa a nossa humanidade de lá vivemos agora em esperança. “Onde precedeu a glória da Cabeça, lá também foi chamada a esperança do corpo” (S. Leão).
Identificados com Jesus Cristo, seguindo-O na dor e na cruz, seremos exaltados com Ele na mesma glória. “Eu vos levarei comigo, para que, onde Eu estiver estejais vós também”(refere Jesus no capítulo 14 do Evangelho segundo S. João, versículo 3). Toda a expectativa da Igreja e toda a força do cristão se fundam nesta promessa irrevogável de Jesus Cristo, que não engana. A vida cristã é Ascensão permanente, subida por entre nuvens da fé para a morada definitiva das coisas e da vida no eterno retorno.
O texto evangélico deste Domingo, é tirado dos versículos finais do Evangelho de S. Mateus, o único evangelista que não fala das aparições do Ressuscitado em Jerusalém. “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos”, promete Jesus na parte final do Evangelho deste Domingo, tirado de S. Mateus 28, 16-20. A Igreja é a plenitude de Jesus Cristo, a divina invenção de partir e ficar. Por ela continua Jesus vivo e presente entre as pessoas, em disfarces de névoas e aparências, que O encobrem. Por sua vida e mistério, a Igreja continua a obra de Jesus Cristo, promovendo ascensões, levando todas as pessoas à plenitude do conhecimento e do amor. Jesus Cristo está connosco na Igreja, todos os dias, pelo dom do Espírito Santo, a plenitude de Deus entre os homens. Na Eucaristia, a Igeja preenche as nossas fontes e vazios, exaltando à plenitude o Cristo que nós somos.
“Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu”, perguntam aos discípulos os dois homens vestidos de branco, referidos na primeira leitura. O êxtase da Asecensão vive-se entre os homens, onde continuamos a olhá-l’O por entre nuvens. Olhar o Senhor consiste em fazer discípulos de todas as nações, ensinar a cumprir tudo quanto nos mandou. Quando formos testemunha e transparência do seu rosto, todo o mundo sobe e Jesus Cristo desce outra vez.
A Bem-Aventurada Virgem Santa Maria nos obtenha de seu divino Filho a graça de, como Ela, permanecermos unidos em oração na Igreja e com a Igreja, para que possamos receber os dons do Espírito Santo, que o Senhor nos enviará, se o solicitarmos com fé e esperança.
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