25 anos

Memórias da construção e dedicação da igreja paroquial de Nossa Senhora do Cabo de Linda-a-Velha
20 de outubro
1996-2021

Organizamos as memórias em dois grupos:
(1). FOTOS
(2). TEXTOS

(1). FOTOS

Bom dia,
Envio foto de prato mandado fazer pela paróquia, em 1996, por ocasião da inauguração do Centro Paroquial e Igreja de Nossa Senhora do Cabo, em Linda-a-Velha. 
Este prato comemorativo foi uma das iniciativas lançadas, então, de angariação de fundos para apoiar o pagamento da nova igreja. Este prato em concreto foi adquirido pelos meus pais, Delfina Marmé e Joaquim Marmé, entretanto falecidos, que, dessa forma, também contribuíram para a obra.
Votos de um bom dia.
Paulo Marmé
(18/10/2021)
Em construção…

BENÇÃO DA PEDRA ANGULAR

a 9 de Abril de 1994. Podemos identificar nas fotos a celebração da Eucaristia, presidida por Dom Albino Cleto, Bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa, concelebrando o Padre Manuel Martins e vários sacerdotes, com a presença das entidades oficiais e de inúmeros fiéis. Identificamos também a benção e a colocação da pedra angular no alicerce da igreja.

Benção da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Benção da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Benção da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Benção da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Benção da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Colocação da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Colocação da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Entidades e fiéis na b
enção da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Benção da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Benção da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Benção da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto
Colocação da pedra angular, em 9 de abril de 1994, por Dom Albino Cleto

Tens mais fotos?
Envia-nos para: paroquia.lav@gmail.com
Ou entrega à Leontina Pedroso

(2). TEXTOS

Dedicação da igreja – folheto da dedicação

Aqui transcrevemos as palavras do Padre Manuel Martins, que constam no folheto desdobrável apresentado a quando da dedicação da igreja paroquial, onde constam reflexões que mostram a sua visão de pastor do rebanho e administrador da casa de Deus. Nesta consciência apresentou também um resumo de contas da construção dos três edifícios deste ‘complexo paroquial’. Temos assim quatro textos:
— “O Sonho e a Obra”
— “Três obras complementares e vitais”
— “Uma nova Igreja? Para quê?”
— “Centro Social e Paroquial”

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O Sonho e a Obra

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. São assim os grandes “mestres”. Têm intuições que conseguem em poucas palavras transmitir conceitos profundos e lições magistrais. Serve de exemplo esta citação lapidar de Pessoa.

Aplicada – atrevidamente – a esta obra Social e Paroquial, apenas com seis palavras se explica e esclarece o longo e duro caminho que foi necessário percorrer para que o sonho de alguém se convertesse neste grandioso empreendimento que vai servir toda a comunidade humana de Linda-a-Velha e a todos acolher com bondade e amor.

Na verdade, se por detrás destas obras não estivesse actuante a Vontade de Deus, os homens podiam sonhar anos a fio, que nunca teriam cometido a ousadia de deitar mãos à obra.

A História ensina que as grandes obras acontecem sempre que o homem sabe colocar-se no seu lugar – o de criatura. Nesta atitude de humildade ele trabalha e ora com o Salmista: “Se não for o Senhor a construir a casa, em vão trabalham os construtores: Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigiam as sentinelas”. (Sl. 126).

Desde que a pequena aldeia de veraneio, que era Linda-a Velha, foi abrangida pelo Plano de Urbanização na década dos anos 50, a célula central entre a Rua dos Lusíadas e a R. Pedro Álvares Cabral, foi reservada aos serviços comunitários. E em 1955 o terreno foi aprovado pelo então Ministro das Obras Públicas, para a construção de um Centro Social e Paroquial e uma igreja.

Devido à inércia de uns e à ambição de outros os anos foram passando e o terreno acabou noutras mãos. Quando tudo parecia perdido apareceu publicado no Diário da República, em Abril de 1983, um Despacho do Ministério da Administração Interna, que “declara de utilidade pública a expropriação do referido terreno, para a construção de um Centro Social e Paroquial e de uma Igreja. Alcançada a devolução de grande parte do terreno para se cumprir os primitivos objectivos comunitários, foi possível na década de 80 elaborar projectos e processos correctos e objectivos.

Obtida a aprovação dos projectos financeiros, faltavam os meios.

Apresentamos as preocupações da Comunidade ao actual Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Dr. Isaltino A. de Morais, que desde logo compreendeu a importância social, cultural e religiosa daquele projecto ambicioso, mas de grande importância para toda a população. Num rasgo de intuição genial deu de imediato a decisão: a Câmara oferece a participação financeira e de interlocutora junto do Governo para a obtenção dos subsídios necessários. Para abono da verdade há que reconhecer que, se não fosse a vontade determinante do Sr. Presidente, estas obras não teriam sido construídas. Por isso, conhecendo o trabalho desenvolvido nesta área Social e Religiosa pelo Dr. Isaltino A. de Morais, sentimos ser nosso dever de gratidão e de justiça, formular um voto de gratidão e louvor pelo modo eficiente como tem colaborado com as Paroquias do Concelho. São muitas as obras sociais, culturais e as Igrejas que tiveram a aprovação e o apoio financeiro da Câmara, como nenhuma outra do país.

E óbvio que por detrás dos grandes empreendimentos há sempre os que de maneira mais notada ou mais na sombra, dão o seu melhor para que o sonho se torne realidade. Assim aconteceu com estas obras. No primeiro caso, estão aqueles que receberam do seu Bispo o múnus de ensinar a Boa Nova e os caminhos da fé, de santificar, e de governar o Povo de Deus. O esforço e o trabalho desmedido, persistente e firme, para construir a Igreja viva e a Igreja de pedra, nunca será avaliado nem apreciado pelos homens deste tempo. Basta a estes Obreiros do Reino viverem a fé e a verdade em que acreditam. Os paroquianos em união com o Pároco formaram o grupo indispensável técnica e financeiramente para que todas estas obras apareçam hoje realidades concretas. Elas vão acolher e servir todas as camadas etárias, sem acepção de pessoas, nas áreas social, cultural e religiosa.

É dever lembrar aqueles que no anonimato deram o melhor de si para que o projecto não ficasse no sonho. Entre os contribuintes apareceram muitos que deram o “óbulo da viúva”. “Deram só um cruzado. Tudo o que possuiam para a sua subsistência”. Também recebemos somas avultadas, que só Deus conhece e pode recompensar.

Foram os esforços conjuntos de todas estas boas vontades que, associadas ao apoio das Entidades Governativas, à colaboração do Projectista, Arq. Nuno Garrido ArquiOficio, e da Empresa Soares da Costa, possibilitaram, mesmo através de tantos contra-tempos e imprevistos, a construção destes edifícios que, sem dúvida, são o orgulho dos moradores de Linda-a-Velha e do Concelho de Oeiras.

Padre Manuel Martins (20-10-1996)

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Três Obras Complementares e Vitais

Os novos edifícios do Complexo Social e Paroquial são da Comunidade e para a Comunidade. Têm um preço elevado e exigem, por isso, um esforço colectivo para saldar as dívidas e mantê-los sempre operacionais. 

1. O LAR E CENTRO DE DIA,
com 3 pisos ocupa uma área de 2120 m2. Custou 219.393.798 escudos (s/IVA).

– Para equipamento são mais 33.000 contos.
Subsidiaram: 
– Centro Regional de Segurança Social (aprovados: 138.000 c/): recebidos: 109.964.1385
– Câmara M. de Oeiras (aprovados: 54.856.000$); recebidos: 45.520.218S 
– Paróquia, pagou 28.000.000$.
Falta pagar ao Empreiteiro: 53.000 contos. 
Para equipamento faltam ainda: 18.000 contos.

2. IGREJA, com 4 pisos ocupa uma área de 5.020 m2 e custou 378.018.000 escudos (s/IVA).

Subsidiaram:
— DGOT (aprovados: 163.000 contos); recebidos: 151.495.000$
— C.M.O. (aprovados: 61.222.0005); recebidos 38.720.000$ 
— Paróquia, pagou 125.000.000$
e pagou mais, 26.550.000500. assim distribuídos: Projecto: 7.800 contos: Fiscalização: 6.650 contos: bancos d Igreja: 7.500 contos; vitrais, portas e janelas: 5.600 contos.
Ao empreiteiro ainda devemos: 57.380.200500. 

ARRANJOS EXTERIORES, orçamentados em 23.000 contos, vão ser subsidiados pela Câmara M. de Oeiras, que já aprovou 6.000 contos e vai dar algum material; pela oferta de mão de obra e máquinas de construção; anónimo: 6.500 contos; e pela Paróquia que deverá pagar cerca de 10.500 contos.

SALÃO DE FESTAS/ AUDITÓRIO, orçamentado em 22.000 contos, está a ser subsidiado por construtor com a oferta de material no valor de 6.650 contos. A Paróquia deverá pagar 17.150 contos.

Os números são assustadores. Mas confiamos em Deus. E “Quem confia no Senhor nunca fica desiludido”. Se vivermos unidos em comunhão cristã, venceremos.

3. ESCOLA DE MÚSICA, com 4 pisos ocupa uma área de 2.958 m2, custou 500.000 contos.

Foi subsidiada pelo PRODEP com 70%, e pela Câmara Municipal de Oeiras com 30%.

Esta soma era o preço da Escola e do Auditório projectados. Mas, devido a erros de cálculo de “cambão” no concurso, o Auditório teve que ser eliminado.

A Escola de Música foi fundada há 18 anos. E este edificio entrou em funcionamento há dois. Tem uma média de 570 alunos e 58 professores.

A Paróquia pagou 23.800 contos de instrumentos e de equipamento, e continua a ser o suporte jurídico e sobretudo financeiro.

Padre Manuel Martins (20-10-1996)

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Uma Nova Igreja? Para Quê?

Entre os edifícios do complexo Social e Paroquial de Linda -a-Velha, eleva-se majestosa e altaneira, como Lua cheia rasgando apressadamente as nuvens em salpiques de luz, uma torre. É o sinal que ali existe uma Igreja. 

O Salmista ao passar em frente escreveu: “Eis a mora Deus com os homens”. É exactamente este o símbolo desta construção. Ao longo da História da Salvação Deus revelou-se o Pai de todos os homens. A todos deu a possibilidade da salvação e da felicidade plenas. Por isso os convida constantemente para a Sua Casa. para a Sua Mesa. E o homem que reconhece e aceita o convite exclama: “Abris. Senhor, as vossas mãos e saciais a nossa fome”.

A Igreja, enquanto Povo de Deus, nestes dois mil anos de cristianismo, ensinou a Boa Nova. Mas aparece também como inspiradora e impulsionadora da cultura e da arte. A pintura, a escultura, a arquitectura, a literatura, a poesia e a música desabrocharam na Igreja ou à sombra da Igreja. Estas realidades não são coisas só de outros países. Viajando por este Portugal fora, constatamos que 80% do que ainda existe de artístico é de inspiração cristã ou tem a marca do cristianismo.

Voltando à Igreja, no seu duplo aspecto de Templo e de Povo de Deus, a sua missão continua a ser a mesma de Jesus Cristo: levar a libertação aos oprimidos, a alegria aos que sofrem, a salvação aos pobres e a Boa Nova a todos os povos.

Mais uma vez salta fora a pergunta: para quê uma Igreja? Não se podia com esse dinheiro ter construído casas para os pobres? Seria bem verdade se tal pergunta não tivesse sido interceptada por um corte de corrente.

Seguindo esta lógica de ideias não adianta pensar nos pobres, fazer casas para os pobres etc.. se antes não pensarmos no Pai dos pobres. Aquele que nos dá o pão de cada dia e também uma casa para o pobre. Tudo o resto vem por acréscimo.

Por outras palavras: sem a Igreja, Povo de Deus, animada pelo Espírito Santo, o ser humano não encontra o caminho que eleva o espírito para a Fonte de todo o Bem, para Aquele que é Amor. Perde-se entre as criaturas. Deixa de ter a Estrela Polar. Não encontra a razão de ser da sua existência. Não sabe de onde veio. o que anda aqui a fazer, nem para onde vai. Com o espírito embotado pela matéria passa a viver no vazio… Não sabe mais amar. Torna-se infeliz porque não ama nem é amado. E mais nenhuma criatura pode preencher a sua capacidade infinita de ser amado. “Criaste-nos para Ti. Senhor, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansa em Ti”. (Santo Agostinho)

Ciente deste drama do homem, a Igreja continua a educar para os valores humanos e espirituais. Ela é defensora da liberdade, da justiça, da verdade, do progresso, do direito, da paz e do amor…

Sabemos todos muito bem que a falta de educação para os valores e para o reconhecimento do Supremo Criador muda o rosto do homem. Converte-o num monstro feroz para o outro homem. Ou não será exactamente isto que se tem verificado e vivido nos nosso dias e em todas as guerras deste século?

E então? Nesta sociedade, onde reina o materialismo desenfreado, o egoísmo atroz, a libertinagem e as diversas formas de injustiça e de opressão, não será urgente e necessária a presença da Igreja? Ela é a luz que brilha nas trevas, que alimenta a esperança e diz aos homens escravos das suas paixões: no fim do túnel há oxigénio, há uma saída para a liberdade.

A grande multidão dos verdadeiros cristãos, que amam o próximo como a si mesmos e amam a Deus acima de tudo, tem sido obreiros incansáveis da paz. Continuam a semear a justiça, a bondade e o amor por todo o mundo. E no serviço voluntário da Assistência Social são sempre os primeiros. Das três mil obras sociais existentes no País, 4/5 são da Igreja Católica e das Misericórdias. Estes cristãos vivem e ensinam que a justiça, a paz, o progresso e a liberdade têm uma e a mesma linguagem – a do amor.

Padre Manuel Martins (20-10-1996)

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Centro Social e Paroquial

Vivemos numa sociedade em constante mutação. O êxodo para os centros urbanos é inevitável. Os Planos Directores das Câmaras Municipais foram ultrapassados pela avalanche migratória. A Igreja atenta e sensível também aos problemas sociais, tem colaborado voluntariamente com as Entidades Governativas. Viu a urgência de dar resposta aos anseios das pessoas. Criou espaços de convívio e acolhimento para Idosos, – construiu para eles um Centro de Dia e Lar -; pensou nas famílias que trabalham e ofereceu-lhes Jardim de Infância e A.T.L. para as crianças; para os jovens que demandam os caminhos da vida, mostra-lhes ideais nobres e sublimes. Deu-lhes ocupações úteis. Para eles construiu a Escola de Música e organizou outras actividades para os ocupar e prevenir da marginalidade social. E para aqueles que são cristãos construiu também uma Igreja. Nela todos podem encontrar paz e acolhimento nos braços do Pai Nosso, o Pai que a todos ama com Amor infinito e misericordioso e não faz acepção de pessoas.

Padre Manuel Martins (20-10-1996)

Veja aqui o ficheiro com o folheto original digitalizado: