
Meditação à Liturgia da Palavra da Solenidade de Nossa Senhora da Conceição.
Imaculada Conceição, Nossa Senhora do Advento!
A Virgem Maria resume toda a esperança do Advento, figura da humanidade ao encontro do Messias. Nela o olhar humano se purifica para ver a promessa de Deus. Foi Maria a primeira a acolher o Salvador e a beneficiar da sua vinda. Em Maria Imaculada, o Natal já deu o seu fruto, o primeiro, o mais saboroso. Virgem Santa Maria, Nossa Senhora do Ó.
Na primeira leitura, o autor do livro do Genesis, lemos o capítulo 3, versículos 9-15.20, a partir da queda original dos nossos primeiros pais proclama a misericórdia do Senhor que depois da infidelidade de Adão e Eva, lhes promete a Redenção, profetizando a vinda de uma mulher extraordinária que vencerá o dragão infernal. Essa mulher é Maria Imaculada, Mãe do Redentor, cuidando solicitamente dos filhos para que se não deixem enganar pelo inimigo.
A segunda leitura, extraida da Epístola de S. Paulo aos Efésios, capítulo 1, versículos3-6.11-12, transcreve um hino que se cantava na Igreja primitiva. Nele se proclama a nossa filiação divina e a inefável vocação a que todos somos chamados: filhos de Deus e herdeiros do Céu. Maria é de entre todas as criaturas, a que mais perfeitamente realizoueste projecto de Deus, pous nunca se afastou da vontade do Altíssimo, desde o primeiro momento da sua existência.
A passagem evangélica é de S. Lucas, capítulo 1, versículos 26-38. Maria responde generosamente ao projecto que Deus lhe apresenta pelo Arcanjo Gabriel, contrastando com a resposta de infidelidade dos nossos primeiros pais. Pelo sim generoso que proferiu, abriu-nos para sempre as portas do Céu.
O mistério de Maria continua vivo e actual em todo o cristão. “Escolheu-nos para sermos e irrepreensíveis” – refere a 2.ª leitura. Pelo Baptismo fomos concebidos em graça, tornando-nos “filhos adoptivos mediante Jesus Cristo” e herdeiros com Ele da mesma glória. Professámos inimizades, renunciando a Satanás e às sua obras. Todo o cristão é linhagem da Imaculada, descendência de Maria. Ser baptizado significa revestir-se de Jesus Cristo, veste branca, tecida por suas mãos.
O Evangelho salienta que Maria é “cheia de graça”. Maria Imaculada ocultava em si toda a beleza criada que o céu continha. “Cheia de graça” lhe chamavam as Três Pessoas divinas, num êxtase fecundo, em que cada uma se dá e se contempla. Maria era a ternura divina em gesto humano e na visão do seu rosto, Deus se recreava e se revia, como quando pelas tardes passeabva no Paraíso. A Imaculada Conceição revela-se como sinal da Igreja que vai nascer no Presépio, sem ruga, nem mancha.
Cheia de graça, Maria anuncia e prefigura a santidade da Igreja, chegada à plenitude do seu crescimento em Cristo. Na Conceição de Maria, vemos a promessa já realizada, o princípio e o fim.
Desde a sua conceição, Maria foi isenta de toda a culpa. Não podia ser presa do pecado a “Mãe da Divina Graça”. Só “a cheia de graça” podia ser Mãe de Deus. Por Maria, o Filho que vai nascer começa a esmagar a cabeça do inimigo, a declarar uinimizades, a estabelecer divisões. Nela foi restaurada a justiça original, o prometido retorno à perfeição operdida.
A Senhora da Conceição chama-nos à santidade, a viver em perfeição as exigências do próprio estado. “Como será isto?”. O caminho e a resposta é dizer sim como Maria. Pelo caminho da obediência nos vem a redenção. Se o pecado foi desobediência, a graça é obedecer. Só poderei esmagar a cabeça da serpente, se vencer orgulhos e rebeldias, se fizer, sempre e em tudo a vontade de Deus.
A hodierna festa da Imaculada Conceição ilumina como um farol este tempo do Advento, que é tempo de estarmos vigilantes e confiantes na expectativa do Salvador. Enquanto nos encaminhamos ao encontro de Deus que vem, olhamos para Maria que «brilha, como sinal de esperança segura e de consolação, aos olhos do Povo de Deus peregrino» (Lumen Gentium, 68)
Diácono António Figueiredo
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