
Andam as esperanças do mundo em busca do Salvador. Por que caminhos virá? Pelos caminhos direitos. “Preparai os caminhos do Senhor, endireitai-lhe as veredas”. O Senhor vai libertar-nos e reunir-nos em povo eleito, nova Jerusalém (2.ª leitura), onde todos os homens terão lugar.
O grande encontro realiza-se na fé, nossa carta de cidadania, que nos introduz no Reino da paz e da justiça. Na fé se acolhe a palavra da salvação e marchamos para o dia do Senhor (2.ª leitura). À sua luz aprendemos a ciência de Deus e “o perfeito sentido das realidades”. A fé em Cristo é a luz que faz o seu Dia, esclarcendo nuvens e sombras, iluminando9 de graça e de verdade todas as surpresas e imprevistos do caminho. A salvação que Cristo nos traz liberta-nos de violências e cadeias e faz.-nos andar na luz (Evangelho segundo S. João 12, 35). Em Deus a salvação é dom de graça; em mim é acolhimento na fé.
A primeira leitura deste Domingo vem da profecia de Baruc 5, 1-9, que nos aponta a intervenção misericordiosa de Deus em favor do seu povo, dirigindo-lhe palavras de exortação e salvação pelo regresso dos exilados à sua pátria, Jerusalém.
A segunda leitura é tirada da Epístola de S. Paulo aos Filipenses, 1, 4-6.8-11. S. Paulo nas suas orações manifesta o seu afecto pela comunidade de Filipos, pious desde o início cooperou e participou com toda a generosidade no trabalho de evangelização realizada pelo apóstolo.
No Evangelho de S. Lucas 3,1-6, dá à história o verdadeiro sentido, é Jesus quem realiza o destino do mundo. Conta, todavia, com a colaboração de cada um de nós para realizar o projecto de Deus.
A vida cristã funda-se no advento constante de Cristo, que vem responder às exigências secretas do nosso ser e levar à perfeição a obra começada. “Chegareis à plenitude” (2.ª leitura). Escutar-lhe os passos, abrir-lhe a porta, deixar fazer, é o programa traçado, a vida a viver. Esta espera vigilante introduz-nos na vida nova que nos transforma e diviniza. Assim,”enxertados” em Cristo, todas as realidades da vida serâo a salvação de Deus. Cristo tudo assumiu para nos libertar.
É preciso regressar de infidelidades e idolatrias, tornando-nos irrepreensíveis para o Dia de Cristo (2.ª leitura). Na nossa vida ainda há áreas por converter, pensamentos e afectos que ainda não foram evangelizados. A mudança radical exige um pensamento novo, um amar diferente, que testemunham em nós o sentido de Cristo. A conversão é precursora do Reino e condição para entrar nele.
Eu sou o caminho por onde Cristo há-de vir. “Preparai o caminho” – lê-se no Evangelho. A vida do cristão é o anúncio que O encarna, a luz que O revela. Preparar o caminho é andar em Cristo, aceitá-lo como único caminho que leva ao Pai. Ele vem para ser em nós plenitude de graça e de verdade. Andar em Cristo é já chegar ao fim. Preparar o caminho exige conversão e ordenar a vida segundo os melhores valores (2.ª leitura). O valor máximo é Cristo. Mas não há conversão sem penitência e renúncia. Os caminhos de Belém são duros como os do Calvário.
Diácono António Figueiredo