
Muitas pessoas interrogam-se hoje sobre o sentido da vida e mesmo até se vale a pena viver. Esta pergunta é mais dolorosa quando se trata de uma pessoa doente, humanamente sem futuro, ou mesmo diminuída a tal ponto que a comunidade humana rejeita-a, como acontece com algumas crianças que nascem com incapacidades graves.
A Solenidade de Todos os Santos, quase ao terminar o Ao Litúrgico, vem recordar-nos que a vida humana é um dom de Deus e tem sentido e valor. Estamos na terra de passagem, em tempo de prova, mas a nossa verdadeira Pátria, na comunhão da Verdade e do Amor, é o Céu para sempre.
A primeira leitura é tirada do Livro do Apocalipse de S. João, 7, 2-4,9-14, apresenta-nos um vislumbre dos bem-aventurados no Paraíso. A Igreja convida-nos hoje a pensar que também nós, um dia, faremos parte da corte celeste.
A segunda leitura, também de S. João, extraída da sua 1.ª Epístola, 3,1-3, dá-nos a razão fundamental da nossa esperançada felicidade do Céu: somos filhos de Deus. Mais ainda: “agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é”.
O Senhor Jesus preocupa-Se com cada um de nós e deseja ver-nos felizes e contentes, mesmo já nesta vida. No Evangelho segundo S. Mateus, 6, 1-12ª, Jesus convida-nos a procurar refúgio no Seu Sagrado Coração,
Aos olhos de Deus não há heróis ocultos. Por Isso, todos os santos têm a sua festa. É a festa dos nossos pais e parentes, amigos e conhecidos. Canonizou-os a graça e o amor de Deus, em que viveram e morreram. Festa da Igreja, povo de santos. É a hora de colher em triunfo o que foi semeado com humildade. Festa do optimismo cristão, que vem dar estímulo na luta r a certeza de chegar ao fim, Os santos são “os que vieram da grande tribulação e branquearam as suas túnicas no sangue do Cordeiro” – lemos na 1.ªleitura. A Solenidade de Todos os Santos, celebra a vitória de Cristo e o triunfo da graça.
Os santos são os felizes do mundo. “Felizes sereis” – lê-se no Evangelho. Encontraram as formas de realização total, que leva à plenitude do coração e da vida. Santidade é a plenitude do homem, a felicidade sem misturas. Consiste em estar com o Senhor para sempre. (1.ª Epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses 4, 17). Então Deus enxugará todas as lágrimas. Convidados para o banquete, comeremos e beberemos da plenitude de Deus (Epístola de S. Paulo aos Efésios 2,19). Fomos criados para sermos felizes e já o somos desde agora., Se estivéssemos ainda à espera, Cristo teria morrido em vão. A nossa felicidade é Cristo e vive-se em união com Ele.
“É deles o Reino dos Céus” – narra o Evangelho. As bem-aventuranças são o caminho para a santidade. Os santos são os pobres de coração, que se esvaziaram de si mesmos para se encherem de Deus. Só os pobres se abrem à santidade e aceitam as suas exigências, disponíveis e incondicionais. Nada podem, de nada se vangloriam, porque “a salvação é devida ao nosso Deus e ao Cordeiro” (1.ª leitura). Tudo se resume em seguir a Cristo, servo e pobre, nossa riqueza e única bem-aventurança. Para ser santo, não precisa imitar ninguém. Basta-me ser fiel ao talento repartido, às exigências da graça. Só o que sou sei8 fazer bem. Ser eu, não outro, é o meu ideal de santidade, a função que me toca como membro de Cristo. Toda a imitação será caricatura.
A felicidade não está em ser pobre, mas nos valores que a pobreza nos traz. Quando sou pobre é então que sou rico; quando me sinto fraco é que sou forte. Felizes os santos, porque são mansos e puros de coração, porque são perseguidos e têm fome e sede de justiça. As bem-aventuranças de Cristo desencadearam a grande revolução, o projecto de felicidade que transforma o mundo. Os Santos sãos os violentos que arrebatam o Reino dos Céus.
A Celebração Eucarística é assembleia dos santos, reproduzindo na realidade da fé e da esperança a comunidade dos bem-aventurados. Está o mundo de parabéns. Os Santos são património da humanidade, tesouro de família. O esplendor da sua vida torna o mundo mais belo. Na sua santidade atinge plenitude a perfeição do homem e o dom da vida, Os Santos, quanto mais crescem para Deus, mais se aproximam dos homens. Crescer em santidade é crescer em humanidade.
Este é o nosso dia. Todo o cristão é santo, aureolado de graça e de virtude à imagem de Jesus Cristo. Para a minha festa, basta-me a alegria que vai no Céu e no coração do Pai, quando me converto e sou melhor. O melhor do mundo são os Santos.
A Santa Mãe de Deus, Rainha dos santos, nos ajude a percorrer com decisão o caminho da santidade; Ela, que é a Porta do Céu, introduza os nossos entes queridos defuntos na família celeste.
Diácono António Figueiredo
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