DAQUI A POUCO

Reflexão à Liturgia da Palavra do VI Domingo da Páscoa, Ano A 

Chegou a hora de Jesus partir. Mas o amor não parte, não conhece separações, não sabe distâncias. A fidelidade é presença, certeza que conforta na hora da despedida. Na fidelidade ao amor se anulam distâncias e enchem ausências. 

No princípio do cristianismo as multidões aderiam à Igreja com a pregação dos Apóstolos. Como eles, procuremos nós também, através do testemunho e da Palavra, anunciar Jesus Cristo a toda a gente. A perseguuição por ocasião do martírio de Santo Estêvão, levou a que primitiva Comunidade de Jerusalém se dispersasse. S. Lucas regista um aspecto do bem que daí adveio para a propagação da fé cristã que se expandiu até à Samaria. A primeira leitura é do Livro dos Actos dos Apóstolos 8, 5-8.14-17.

O Salmo Responsorial proposto para este Domingo é o salmo 65 (66) 1-3a.4-5.6-7a.16.20. Neste salmo, aclamemos, adoremos e louvemos o Senhor, cantando com todos os povos da terra: “A Terra Inteira, Aclame o Senhor”.

Observando os mandamentos da Lei de Deus, vivemos no Seu amor, cumprindo a missão que nos confiou. “Prontos a prestar contas da esperança”, refere a segunda leitura respingada da primeira Epístola de S. Pedro 3, 15-18. Nesta leitura temos uma das mais belas lições sobre a atitude cristã perante as perseguições. Venerar a Jesus Cristo como Senhor (à letra, santificar), faz lembrar a oração ensinada por Jesus, sendo desta maneira Jesus Cristo posto no mesmo nível do Pai, a merecer a mesma glorificação. Virão tribulações e dificuldades para justificar a nossa participação na vitória de Jesus Cristo. Por elas despertamos do sono da mediocridade para prestar contas da esperança que há em nós. É a tribulação que produz a pereseverança, refere S. Paulo na Epístola aos Romanos 5,3 e nos faz testemunhas do amor e fidelidade. Padecer como cristão por fazer o bem, faz-nos discípulos de Jesus Cristo e participantes da sua obra redentora. Contradições e sofrimentos são o preço da felicidade, o fundamento da alegria. Temos de estar vigilantes, porque o amor não dorme. A fidelidade tem a promessa dum Reino, salário da vida eterna. 

A passagem evangélica deste Domingo é a continuação do capítuo 14 de S. João, 15-21, com o chamado discurso do adeus. “Se me tendes amor, guardareis os meus mandamentos”, diz Jesus no Evangelho. Fidelidade é prova de amor. Se amamos a Deus, exprimimos esse amor cumprindo a sua vontade. Jesus é a “Testemunha Fiel “do Pai. A sua vida e alimento eram fazer a sua vontade. Assim correspondia à fidelidade do Pai, que dá testemunho d’Ele e não O deixa só. (S. João 8,29). Fidelidade é a força de amar e ser amado. “Quem Me tem amor será amado por Meu Pai e Eu o amarei”. Nisto consiste a fidelidade: viver conforme os mandamentos de Deus. A fidelidade chama-se perseverança.

“Eu pedirei ao Pai que vos dará outro Paráclito”. Jesus Cristo promete-nos o Espírito Santo. O seu nome é Paráclito, que significa Advogado, Defensor, Conselheiro, Santo, para ficar connosco, fazendo frutificar no mundo a nova criação. Ele é o laço que nos une a Jesus Cristo, fogo sagrado que nos configura à imagem do seu rosto. Foi derramado em nossos corações para fazer de nós filhos de Deus, templos da Trindade, fundados em Jesus Cristo. O Espírito Santo é a divina intimidade, feito amor e presença. Por Ele clamamos Pai e nos reconhecemos filhos. “Não vos deixarei órfãos”.

“Espírito da verdade, que o mundo não reconhece”, lemos no Evangelho. Chama-se Espíritio da verdade, porque é o Espírito de Jesus Cristo, a verdade total e porque vem ensinar tudo quanto Ele nos disse. (Evangelho segundo S. João 14,26). A sua luz nos reveste de transparência de Jesus Cristo, a sua força nos incita a dar testemunho d’Ele. Permanece connosco e está em nós a recordar o que nos disse Jesus Cristo, completando assim a sua obra. Ao calor do Espírito cumpre-se a Palavra e frutifica nos corações e na vida.

Espírito Santo é a fidelidade de Deus aos homens. Por ele amamos e n’Ele somos amados. As observâncias do amor são o caminho por onde Ele nos vem e nos leva ao Pai. Quem observar os mandamentos, vive no amor e entra na aliança do Pai e do Filho. Do Espírito Santo nos vem a audácia da esperança, a capacidade de amar (2.ª Epístola de S. Paulo aos Coríntios 3,5) .”Tudo posso n’Aquele que me fortalece”. O Espírito sopra; a onda vem, a onda vai. “Daqui a pouco”.-

Que a Bem-Aventurada Virgem Santa Maria, modelo da Igreja que sai para escutar a Palavra de Deus, e acolher o dom do Espírito Santo, nos ajude a viver com alegria o Evangelho, sabendo que somos sustentados pelo Espírito, fogo divino que aquece os nossos corações e ilumina os nossos passos.

Diácono António Figueiredo

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