NÃO ME CONHECES?

Reflexão à Liturgia da Palavra do V Domingo da Páscoa

Jesus Cristo ressuscitado é a Porta que leva à vida. Vêm encruzilhadas, surgem perguntas, mas Jesus Cristo é a resposta: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus Cristo é o Caminho por onde seguir, a Verdade a praticar, a Vida para viver.. Eu sou o Caminho; por Mim se vai. Sou a verdade; a Mim se chega. Sou a vida; em mim se habita. (Santo Agostinho). 

Jesus Cristo ressuscitado pelo dom do Seu Espírito, interpela sempre a Sua Igreja. Ele quer uma Igreja acolhedora, realista, cheia de entusiasmo. Uma Igreja em estilo e modo sinodal. Um entusiasmo e dinamismo que brota da essência da Ressurreição. Assim se torna corpo vivo, pedras vivas de um templo vivo. Assim é capaz de enfrentar os desafios e de descobrir, no diálogo, na partilha fraterna, na abertura ao Espírito, na comunhão e na oração, as soluções que permitem fazer das dificuldades novas possibilidades e renovação. Assim conduz a uma maior participação e responsabilização da vocação ministerial na realização concrecta, fresca e dinamizadora do Evangelho.

Uma comunidade que vive na abertura ao Espírito Santo, que tem consciência de se edificar como pedras vivas, que vive em oração e comunhão, encontra sempre verdadeiras e eficazes soluções perante os desafios. A primeira leitura é tirada do Livro dos Actos dos Apóstolos 6, 1.-7. Este é o texto que refere a instituição dos Diáconos, como colaboradores dos Apóstolos e participantes de uma parte da sua missão.

Deus tem um olhar amável sobre nós. Deus olha-nos com emoção e entusiasmo. Somos seus filhos. Fixando o nosso olhar em Jesus Cristo, aprendemos a olhar assim as pessoas e os acontecimentos. Uma Igreja de olhar divino encontra sempre soluções para as maiores dificuldades. Para Salmo Responsorial deste Domingo, a Liturgia propõe o salmo 32 (33), 1-2.4-5.18-19. 

Jesus Cristo é a Pedra Viva, sobre a qual nos apoiamos e nos edificamos. Ele é o fundamento insubstituível e imprescindível., Que maravilhas realiza a Igreja quando traduz o amor apaixonado por Jesus Cristo. A segunda leitura é um trecho tirado da primeira Epístola de S. Pedro 2, 4-9. 

Jesus Cristo prepara-nos sempre para que no Caminho, na Verdade e na Vida, que é Ele mesmo, possamos descobrir o amor do Pai e a sua Morada e possamos realizar as obras que Ele realizou. “Eu sou o Caminho”, refere Jesus na passagem evangélica deste Domingo, tirada do Evangelho segundo S. João 14, 1-12. E não há outro. “Ninguém vai ao Pai senão por Mim”. Só Jesus Cristo conhece o caminho, porque só Ele de lá veio. O Coração do Pai é a naturalidade do Filho, que n’Ele está e n’Ele se gera, para ser Verbo e Caminho. Jesus é o Sacramento do encontro do homem com Deus. Em Jesus Cristo, o divino e o humano entraram em comunhão. Enraizados e edificados n’Ele, temos um caminho novo e vivo de acesso ao Pai. Encontrar Jesus Cristo é encontrar o Pai, porque “Eu estou no Pai e o Pai está em Mim”.

Também a Igreja é caminho. “Via” lhe chamaram desde o começo, inimigos e crentes. Via quer dizer a maneira nova de viver dos que foram chamados das trevas à Luz. A Igreja de Jesus Cristo, continuadora da sua obra, , ficou no mundo como sinal e camnho que leva ao Pai.. Entrar na Igreja é entrar no caminho. Mas a fé da Igreja é também caminho de sangue, assinalado com desertos e agonias, caminho de morte e ressurreição.

“Eu sou a Verdade”, prossegue Jesus no Evangelho. Desde que o Verbo encarnou,, a verdade tem nome e rosto de pessoa, chama-se Jesus Cristo.A verdade que busco e me sacia levo-a dentro de mim e me responde: “Sou Eu”. Toda a verdade converge em Jesus Cristo; d’Ele sai e para Ele volta depois de ter frutificado nos verdadeiros adoradores, que a ela se consagram. Em Jesus Cristo, imagem do Pai, vamos nós aprender o mistério de Deus escondido. 

A verdade é progressiva.. Quem tem a verdade toda? Esconde-se no mais íntimo de tudo o que existe e acontee uma centelha de verdade , que quer crescer e dar fruto. A verdade que há em mim, anseia comungar a verdade que vem dos outros, para completarmos em Jesus Cristo a verdade total. A verdasde não é depósito que tranquiliza, mas exigência que queima e desinstala.

“Eu sou a Vida”, anuncia Jesus. A vida que estava com o Pai apareceu entre nós. Pela Sua morte e ressurreição todos receberam a vida. Para o cristão, viver é Cristo. Baptizados em Jesus Cristo, permanecemos n’Ele como ramos unidos ao tronco. Quem comer deste pão, “permanece em mim e Eu n’Ele. Porque vivemos em Jesus Cristo, somos a raça eleita, sacerdócio real, refere a segunda leitura, para oferecermos ao Pai sacrifícios e orações. Assim nos fez pedras vivas na construção da sua Igreja, edificados sobre Jesus Cristo, a pedra angular. Viver a vida cristã é concelebrar com Jesus Cristo e com os irmãos o louvor e a glória do Pai.

“Não Me conheces?”, perguntou Jesus a Filipe. Enquanto a verdade se não fizer vida em mim, somos estranhos, não O conheço. Somos praticantes da verdade e não expectadores; não seguimos opiniões, mas certezas. Jesus Cristo é a verdade que tenho de praticar, portando-me como filho (a) da luz. Pelos caminhos do mundo vai o Espírito soprando as palavras da verdade, tudo recapitulando em Jesus Cristo. Hoje Jesus Cristo faz-nos a mesma pergunta: “Não Me conheces?”. Far-nos-á bem perguntar a Jesus, que é o Caminho, a Verdade e a Vida, as indicações para o Céu. A Bem-aventurada Virgem Santa Maria, Raínha do Céu, nos ajude a seguir Jesus, que abriu o Paraíso para nós.

DIÁCONO ANTÓNIO FIGUEIREDO

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