
Reflexão à Liturgia da Palavra do IV Domingo do Tempo Comum Ano A
Todos somos pecadores, cegos de nascença. Donde virá a Luz? Da piscina de Siloé, que quer dizer Enviado, brotou hoje a luz para limpar todas as trevas. Jesus Cristo é o Enviado do Pai, que vem iluminar todos os homens com a luz da sua vida. A cura do cego de nascença proclama que Jesus Cristo é o Filho de Deus, nascido para ser a luz. “Enquanto estiver no mundo, Eu sou a luz do mundo”. Jesus Cristo é a luz do Pai, transparência do seu rosto. Como o cego curado, também nós exclamamos: “Eu creio Senhor!”.
O profeta Samuel é enviado por Deus a Belém, para consagrar David como rei de Israel. Deus lembra-lhe que o Senhor não olha às aparências das pessoas. Ele vê o coração. A primeira leitura é tirada do início da última parte do primeiro livro de Samuel 16, 1b.6-7.10-13a, que deixa ver o progressivo declínio do rei Saúl até à sua morte. A ascensão de David ao trono de Israel não aparece apenas como obra do seu génio e sagacidade, mas como uma providência divina com a intervenção do profeta Samuel.
O salmo 22 que iremos rezar cantando é um hino de gratidão e alegria ao Senhor, que é o bom Pastor que nos guia. Para Salmo Responsorial temos o salmo 22 (23) 1-3a.3b-4.5.6.
S. Paulo anima os cristãos de Éfeso a viverem sempre como filhos da luz, levando uma vida de santidade. “Agora sois luz”, diz S. Paulo na segunda leitura extraída da Epístola aos Efésios 5, 8-14. O milagre da piscina de Siloé contém um signo baptismal. O cristão é um “iluminado”. No Baptismo renunciámos às trevas e tornamo-nos luz no Senhor. Abrem-se os olhos para ver o invisível e o coração para amar. Fomos eleitos por graça como David (1.ª leitura). Com o lodo frágil da sua humanidade, igual à nossa, Jesus Cristo ungiu o nosso pecado, as trevas da razão e dos sentidos para nos fazer participantes da sua luz e santidade. Fomos sagrados para Deus no fogo do Espírito, com o encargo de levar ao mundo a luz que esclarece, o fogo que purifica e consolida na unidade. Agora somos luz de Jesus Cristo, iluminados para iluminar.
“Portai-vos como filhos da luz”, recomenda S. Paulo na segunda leitura. Há uma guerra total entre a luz e as trevas. Por isso nos lançam fora. Há luzes que ferem, fariseus orgulhosos fechando os olhos à luz. Só os corações rectos e puros vêem a verdade que conduz à vida. Na Palavra da verdade que nos chamou, fomos dados à luz, gerados filhos de Deus. Tendo sido iluminados, o nosso destino agora é dar testemunho da luz. A vida cristã é transparência de Jesus Cristo. Em nós, Jesus Cristo continua a iluminar o mundo, a vencer as obras das trevas. Nuvens que se levantam, caminhos que se escondem, tudo é luz a raiar, auroras a romper. Ergue os olhos e verás.
Jesus cura o cego de nascença, mostrando o seu poder. Peçamos que nos dê uma fé maior e uma luz mais viva para a nossa alma. O Evangelho deste Domingo, tirada de S. João 9, 1-41 é uma narração longa sobre a cura de um cego de nascença.
“Acreditas no Filho do homem? – pergunta de Jesus no Evangelho, dirigindo-se ao cego. Se Páscoa é festa da iluminação, a Quaresma consiste num esforço de ver e acreditar. Fé é acreditar em Jesus Cristo. N’Ele se empenhou a Palavra do Pai para sermos salvos e livres. Exige um olhar novo, diferente. Através do lodo das formas imperfeitas e desproporção dos meios humanos, abrem-se os olhos à luz.
Fé é ver com os olhos de Deus aquilo que não entendo. Na Sua luz, vemos a luz. Eu não sei, mas Ele sabe; eu não vejo, mas Ele vê. Tem critérios e normas que a razão humana não alcança, descobre outros valores e evidências. Aos olhos da fé os últimos são os primeiros e até os cegos vêem o que os escribas ignoram. “O homem olha as aparências, mas Deus vê o coração. E é neste olhar de Deus que o homem desperta e a fé nasce. A fé é encontro de corações.
Bondade, justiça, verdade, são frutos da luz, o seu sinal e sustento. Vamos hoje à fonte do Enviado limpar os olhos para ver e o coração para amar. A semente da vida nova colocada em nós no Baptismo é como a centelha de um fogo que nos purifica, antes de tudo, queimando o mal dos nossos corações e permite-nos brilhar e iluminar com a luz de Jesus Cristo.

A Virgem Santa Maria nos ajude a imitar o o homem cego do Evangelho, para que sejamos inundados pela luz de Jesus Cristo e nos coloquemos com Ele no caminho da salvação.
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