
Reflexão à Liturgia da Palavra do V Domingo do Tempo Comum Ano C
O sal da terra e a luz do mundo é Jesus Cristo. Como fermento metido na massa, transforma as realidades humanas e dá-lhes, já neste mundo, o sabor antecipado do real e definitivo. Se cristão é saber Jesus Cristo, saboreá-l’O. Tenho de tomar-lhe o gosto para O saber anunciar. O cristão é um bom apreciador de Jesus Cristo. Como S. Paulo refere na segunda leitura deste Domingo: “Não devia saber mais nada senão Jesus Cristo e Jesus Cristo crucificado.
Na primeira leitura, tirada da Profecia de Isaías 58, 7-10, o profeta anima-nos a repartir o nosso pão com os necessitados e assim nos enchermos com a luz de Deus. Há uma grande afinidade entre este texto com as obras de misericórdia, proclamadas por Jesus, na descrição do juízo final em S. Mateus 25, 31-46.
«Para o homem recto nascerá uma luz no meio das trevas». Este é o refrão do Salmo Responsorial, salmo 111 (112), 4-5.6-7.8a e 9. Este salmo louva também os que praticam a caridade. É isso que dá sentido à vida e enche a alma de alegria.
Na segunda leitura, tirada da 1.ª Epístola de S. Paulo aos Coríntios 2, 1-5, o Apóstolo lembra o centro da sua pregação: Jesus Cristo e Jesus Cristo crucificado e não uma sabedoria humana.
“Vós sois o sal da terra”- exorta Jesus aos seus discípulos no Evangelho deste Domingo extraído de S. Mateus 5, 13-16. Este texto aparece na continuação da proclamação das bem-aventuranças e constitui como que um corolário delas e a sua aplicação, já eram uma aplicação aos ouvintes da 8.ª bem-aventurança.; na medida em que os discípulos viverem o espírito das bem-aventuranças, eles serão sal da terra e luz do mundo. Através do cristão, Jesus Cristo continua a ser no mundo o sal que preserva e purifica. A nossa identificação com Jesus Cristo purifica-nos o olhar para ver a Deus em todas as coisas, persevera-nos do cansaço na luta e da corrupção do mal. O cristão é a força nova que conserva o mundo e fecunda a história no seu crescimento. Pela fé, mete nas coisas e nos acontecimentos aquela medida de sal, que lhes dá sentido e equilíbrio. O mundo precisa de nós para não se corromper e para não ser transformado em morada de mortos. Os problemas do mundo e das pessoas reclamam do cristão aquele sal de sabedoria, que lhe vem da sua identificação com Jesus Cristo. É a sua missão de leigo na Igreja, comprometido com as realidades terrenas.
O sal significa na Escritura a perpétua duração e a força inviolável dum contrato (Livro dos Números 18;19). O cristão deve ser no mundo a garantia da fidelidade à aliança entre Deus e os homens. No sal dos seus compromissos todo o mundo toma sabor e sobe a Deus a oblação pura e imaculada. O cristão, à maneira do sal, dissolve-se em Jesus Cristo e nos outros. Quando me der aos outros em Jesus Cristo, levarei ao mundo o gosto de viver a exigência de amar. Não haverá em mim caminhos obscuros de falsidade, nem o sensabor de egoísmos, que venham enfastiar o banquete das criaturas. O amor entre os cristãos faz crescer na boca das pessoas o sabor novo de Jesus Cristo: “Vede como eles se amam!”, refere o Livro dos Actos dos Apóstolos.
“Vós sois a luz do mundo”, refere Jesus no Evangelho. A luz que brilha em nós é Jesus Cristo ressuscitado. Pela fé levamos a luz que nos transforma e abre caminho aos outros. Mas luz são obras. Quando a luz da nossa fé resplandecer em boas obras, seremos a luz de Jesus Cristo para a glória do Pai. Ninguém se esconda. Se a lâmpada se acendeu, foi só para iluminar. Andam cegos clamando à espera da nossa luz. Devemos ser rectos como a luz, contagiantes e fecundos como o sol. Luz que não se propaga, quer dizer que se apagou. Para a luz crescer em mim tenho de acendê-la nos outros
Ser luz é amar. As obras do amor são a luz que convence, o calor que fecunda. Só quem ama o seu irmão permanece na luz (1.ª Epístola de S. João 2,10). Ser luz supõe comunhão. A luz tudo envolve e penetra, salta barreiras e vence distâncias. “Se caminhamos na luz estamos em comunhão uns com os outros”. (1.ª Epístola de S. João 1,7). Quando amamos o próximo somos testemunhas da luz e mostramos aos homens que Deus é Amor. Se a minha luz se vier a apagar, há-de reacender-se na partilha e comunhão.-
O discípulo de Jesus é sal da terra e luz do mundo, quando sabe viver a sua fé fora dos espaços restritos, quando contribui para eliminar preconceitos, para eliminar calúnias e para fazer entrar a luz da verdade nas situações corrompidas pela hipocria e pela mentira.
Que a Virgem Santa Maria nos ajude a sermos sal e luz no meio do povo, levando a todos, com a vida e a palavra, a Boa Nova do amor de Deus.

Diácono António Figueiredo
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