A ALEGRE ESPERANÇA

Reflexão à Liturgia da Palavra do III Domingo do Advento Ano A

Celebrar o Advento é caminhar na alegria. Vamos ao encontro do Senhor com o coração em festa. A busca já é encontro. Vai o Senhor connosco colaborando na busca, escondido na ânsia de O encontrar. A alegria é o Senhor presente. Aquele que esperamos já está no meio de nós.

«Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos: o Senhor está a chegar!». Com estas palavras, tiradas da Epístola de S. Paulo aos Filipenses, a Igreja Santa, no cântico de entrada deste terceiro Domingo do Advento, faz-nos um veemente apelo à alegria, virtude unida à esperança … O Senhor está a chegar e com Ele nos veem todos os bens. Por isso se chama a este Domingo, na tradição litúrgica, o Domingo da Alegria.

O Profeta Isaías refere-nos, na primeira leitura, capítulo 35, versículos 1-6a.10, neste texto muito belo, a alegria dos tempos messiânicos; com a vinda de Jesus, tudo exulta com brados de alegria. “Tende coragem. Não vos assusteis”. Todo o cristão é percursor de Jesus Cristo, resposta para quem vier. Como João Baptista, temos de ser voz e testemunha. Para isso “é necessário que Ele cresça e eu diminua” (S. João 3,50). Só diminuindo em despojos e prisões, poderás ser o precursor e profeta, denunciando erros e clamando exigências. Todo o homem é transparência de Jesus Cristo, caminho por onde Ele vem. Perante um irmão ou irmã chagado (a) no corpo ou na alma, descobre a Jesus Cristo, que vem julgar a tua paciência e esperança. Cada homem é para o outro o juíz que “está em frente à porta, como refere a segunda leitura.

Toda a nossa esperança deve estar sempre no Senhor Jesus; só Ele nos pode valer. Debaixo dos Céus não foi dado outro nome aos homens pelo qual eles possam ser salvos. Disto nos fala o Salmo Responsorial deste Domingo, Salmo 145 (146) 7.8-9bc-10.

A Epístola de S. Tiago 5, 7-10, escolhida pela liturgia para segunda leitura deste Domingo, o Apóstolo dá-nos o exemplo do agricultor que espera pacientemente o precioso fruto da terra. Sejamos pacientes. O nosso Deus não falha no cumprimento das suas promessas. Os temas desta leitura são a paciência e a vinda do Senhor. Paciência, virtude eminentemente cristã, não significa passividade face às injustiças, mas perseverança na fidelidade ao Senhor. Não é uma indefença estóica perante a dor, a contrariedade e a opressão, mas é sofrer com Jesus Cristo, unindo os sofrimentos à sua Paixão redentora. 

S. João Baptista convida-nos a esperar com paciência e constância, como a lavrador espera o fruto do seu trabalho. Ele personifica toda a esperança dos homens, cingida de renúncias, a preparar caminhos. Renunciar é esperar.

No Evangelho de hoje, tirado de S. Mateus 11,2-11, S. João Baptista é elogiado por Jesus Cristo como o maior entre os filhos de mulher. Ele veio como precursor, para preparar os caminhos do Senhor. “És tu Aquele que há-de vir?” – perguntam os discípulos de S. João Baptista a Jesus. Os discípulos de João têm dificuldade de reconhecer em Jesus o Messias esperado. Um certo perfil de violência traçado pelos profetas oculta-se em gestos de mansidão. Como eles, também nós não entendemos a divina paciência que deixa crescer o joio até à ceifa. A redenção acontece ao ritmo imprevisto de esperas e condescendências. Nas horas de dor e de fracasso, talvez Jesus Cristo seja para mim uma decepção e me venha a tentação de esperar por outro. Perante uma Igreja de pecadores, Jesus Cristo disfarçado, não lhe vires o rosto. É esta a Igreja que nos salva e não há outra.

“Os cegos vêem, os coxos andam” – responde Jesus aos discípulos de João Baptista. Para o mundo que nos uinterroga, o amor é a resposta. Está n’Ele o sinal visível por onde os homens nos hão-de reconhecer. A nós pede exigências; aos outros leva certezas. A salvação que Jesus nos traz é a vitória sobre o mal, a libertação de chagas e prisões. Jesus Cristo é o sacramento de Deus, sinal visível da salvação que o Pai nos dá.

“Que fostes ver no deserto?”, pergunta Jesus no Evangelho. João Baptista é figura de esperança, programa de Advento. A sua vida é a grande profecia em acção. Vestido de penitência, vivendo de renúncias, aponta os caminhos direitos por onde vamos ao encontro do Senhor. Na aspereza da linguagem, na austeridade do viver, denuncia e desmascara as nossas atitudes de transigência e compromisso, que nos impedem de caminhar em justiça e rectidão. Com a sua pobreza mostra o Servo de Javé e profetiza na sua vida, o ideal das bem-aventuranças. Cada palavra sua é seta a apontar caminhos. Não dobra a medos ou interesses, nem anda à mercê de ventos inconstantes.

A figurade S. João Baptista é a lógica do cristão. Para o irmão que se aproxima de ti, tu és sempre aquele que há-de vir. Não o deixes esperar por outro. Que Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos, causa da nossa alegria, nos consiga de Deus uma maior vibração apostólica, para darmos testemunho de Jesus Cristo e da sua Boa Nova da Salvação.

Diácono António Figueiredo

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