ARREPENDEI-VOS

Reflexão à Liturgia da Palavra do II Domingo do Advento Ano A

Vem aí a esperança da humanidade; é preciso preparar caminhos.Para isso tenho de arrepender-me, tenho de mudar de vida.. Quem não se arrepende não acolhe Aquele que vem, nem entrará no seu Reino. Quem não se converte, não espera. No Evangelho deste segundo Domingo do Advento, S. João Baptista faz este apelo: “Arrependei-vos”, isto é, reconhecei que sois pecadores, reconhecei que tendes pecados e com a ajuda de Jesus, procuremos obter o perdão dos pecados. Jesus veio ao mundo para tirar o pecado do mundo. Sendo assim, o verdadeiro arrependimento levar-nos-á ao Sacramento da Reconciliação

Isaías num belíssimo texto Messiânico, apresenta Jesus como “Aquele que julgará os infelizes com justiça e com sentenças rectas os humildes do povo”. “Nesse dia …”, começa a primeira leitura, tirada da profecia de Isaías 11, 1-10. A vinda de Jesus Cristo introduz-nos no Reino anunciado por Isaías, profeta da esperança. A conversão é a porta e Jesus Cristo é o fundamento. A paz e a justiça messiânica vêm-nos pela vida em graça. Sobre nós repousa também o Espírito do Senhor, trazendo consigo a abundância dos seus dons. Com Ele nos virá a sabedoria e o discernimento e seremos fortes na luta para restaurar no mundo a ordem nova. Advento é tempo de optimismo e plenitude. Para o cristão tudo acontece numa perspectiva final de triunfo e exaltação.

Para Salmo Responsorial é nos proposto o salmo 71 (72) 2.7-8.12-13.17. Este salmo,também Messiânico, como que sintetiza o texto de Isaías, proclamado na primeira leitura, em certos aspectos.

Jesus Cristo vem salvar judeus e gentios. Devemos, nós também, acolher os outros como Jesus nos acolheu, para glória de Deus. A segunda leitura é da Epístola de S. Paulo aos Romanos 15, 4-9. Esta leitura é um pequeno trecho da segunda parte, a parte moral, final da Epístola aos Romanos 12-16, que termina apresentando o exemplo de Jesus Cristo, feito “servidor” de todos, judeus e gentios; para com os judeus, mostrando a fidelidade divina e para os gentios, mostrando a sua misericórdia. A sua leitura e meditação produz frutos mais concrectos: “a paciência” e a “consolação”, que levam a manter firme a esperança em Deus.

Para João Baptista, preparar o Advento era baptizar. Assim refere a passagem evangélica deste Domingo, tirada do Evangelho de S. Mateus 3,1-12. No Baptismo de Jesus os céus abriram-se e Deus aproximou-se dos homens. O nosso Baptismo é a celebração permanente da vinda de Deus ao mundo, a presença do Reino entre nós. O Baptismo significa mudança e conversão a realizar todos os dias. Contém um programa que nos enche a vida e compromete, em desafio constante. O cristão vive Advento nas esperas da graça, nas escutas da fé e na fidelidade ao dever de cada dia, pelos caminhos de Deus e das pessoas. A graça do Baptismo anuncia em nós um novo nascimento. Pela esperança de Advento nasce do amor uma alma nova e um coração novo.

“Arrependei-vos, pois está perto o Reino dos Céus”, exorta João Baptista no Evangelho. Advento é exigência de conversão. Temos de mudar de vida, endireitar veredas de orgulho e infedilidade. O gesto radical de conversão consiste em voltar-se para Deus e dar.-lhe toda a honra e toda a glória. Mas o caminho para Deus, passa necessariamente pelas pessoas, acolhendo-nos uns aos outros, como Jesus Cristo nos acolheu. Converter-me é mostrar para com os outros os mesmos sentimentos de Jesus Cristo. Por isso, a verdadeira conversão exprime-se em caridade. Converter-se é arder, exigência de se dar. Como Jesus Cristo, tenho de descer aos outros e encarnar neles, fazer-me servidor dos seus anseios e esperanças.

”Há-de limpar a eira” – continua João Baptista. Se na verdade queremos converter-nos é preciso empunhar o machado e ir à raiz. Cresce em nós a erva daninha das falsas atitudes e falsas intenções. Ficamo-nos em aparências, deixando as obras da fé. Da árvore da vida plantada em nós, hão-de brotar as obras de arrependimento, para nos acreditarem diante de Deus e das pessoas e para fugirmos à cólera que está para chegar. Não basta dizer: “Abraão é nosso pai”. Não basta um cristianismo oficial de certa prática e observâncias para nos “defendermos” de Deus. “Raça de víboras”. Já o machado se encontra à raíz da árvore”. 

A esperança cristã é já uma realidade. O Dia do Senhor já está no meio de nós. Peçamos a intercessão da bem-aventurada Virgem Santa Maria, Senhora do Advento, que neste tempo nos ajude a preparação o nosso coração, a nossa mente e a nossa vontade, para acolhermos Jesus com o coração limpo e liberto de todas as impurezas, sempre em caminhos de conversão, de vigilância e esperança. 

Diácono António Figueiredo

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