SENHOR, ENSINA-NOS A REZAR!

Reflexão à Liturgia da Palavra do XVII Domingo do Tempo Comum Ano C

A oração de JesusCristo é a fonte e o modelo da oração cristã. Por Ele temos acesso junto do Pai. Ensinou-nos as palavras que havemos de dizer, tudo o que temos a pedir. É Jesus Cristo que em nós reza e nos une ao Pai, como único Mediador entre Deus e os homens. Quando rezamos, Deus reconhece em nós a voz do Filho, o clamor infinito do seu sangue derramado.

Na primeira leitura tirada do Livro do Génesis 16, 20-32, Abraão, um homem justo diante de Deus, não desiste de acreditar que Deus perdoará o seu povo e para esse efeito dirige-se a Deus confiada e humildemente. Considerando-se pequeno – «Atrevo-me a falar ao meu Senhor, eu que não passo de pó e cinza» – com ousadia insiste e obtém de Deus a graça que pede em favor do povo. 

Com o Salmo Responsorial, Salmo 137 (138) 1-3.6-8, agtradecemos a Deus por escutar a nossa oração e porque nos responde quando O invocamos, nos renova as forças e dá a vitória, olha para o humilde que por Ele clama, conserva a vida no meio das tribulações e salva com a força do seu braço, oun seja, com a Cruz. 

Na segunda leitura tirada da Epístola de S. Paulo aos Colosssenses 2, 12-14, podemos agradecer a Deus por sermos baptizados, por este grande dom que não apenas nos trás a filiação divina, mas também nos limpa do pecado, dando a graça de a partir de então uma vida nova que é fruto da ressurreição de JesusCristo. Ainda não vivemos como ressuscitados, pelo que hoje renovamos o nosso desejo de santidade, de viver em união com Jesus Cristo ressuscitado.

O Evangelo é de S. Lucas 11, 1-13. Refere o Papa Francisco na audiência geral de 16 de Janeiro de 2019: «Diz-lhe “Pai”, começa a rezar assim e no silêncio, Ele dir-nos-á que nunca nos perdeu de vista. “Mas Pai, eu fiz isto …” – “Nunca te perdi de vista, vi tudo. As permaneci sempre ali, perto de ti, fiel ao meu amor por ti”. Ele será a resposta! Nunca vos esqueçais de dizer: “Pai”. Obrigado!»

«Quando orardes, dizei: Pai» – ensina Jesus no Evangelho. A oração é a comunicação amorosa e filial com Deus, pela consciência expressa da sua presença em nós. Exige diálogo e presença, que compromete toda a nossa personalidade: alma e corpo, vida e acção.- Todo o nosso ser e a nossa história sobem a ver Deus e ser transfigurados. Reza o homem todo. Nada fica de fora, nada se distrai. A única distracção é o pecado. A alma reza com sentimentos; o corpo com atitudes. A oração da alma e do corpo completam-se na mesma expressão de adoração e serviço.

Orar é viver na intimidade de Deus, entrar no mistério da vida trinitária. “Dará o Espírito Santo” – diz Jesus no Evangelho. Por Jesus Cristo rezamos ao Pai, movidos pelo Espírito Santo. A oração é experiência de fé, esperança e caridade, vida de amizade com as Três Pessoas divinas. Por isso, pela oração se actua a vida de Deus em nós. O Espírito Santo habita em nossos corações para nos ensinar a rezar com os mesmos sentimentos do Filho. 

Rezamos por Cristo, com Cristo e em Cristo. Por Jesus Cristo sobe a nossa oração até ao Pai e a nossa voz se confunde com a sua, unidos na mesma prece. Já não sou eu que rezo, mas é Jesus Cristo que reza em mim e eu n’Ele. A oração cristã é a força de Deus em nós. Ela me faz importante e eleva aos olhos de Deus e dos homens De joelhos é que eu sou grande.

A oração tem a Deus por centro e motivo. Tudo nela se concentra em louvor e adoração, amor e serviço, para que o nome de Deus seja glorificado, o seu Reino venha e a sua vontade se faça. Vamos dar e não pedir. Não vamos à oração para ter gosto, mas sim opara dar gosto. Na pobreza do nosso dom, Deus se nos dá sem medida. Deus está na minha oração. Não é o ídolo distante, espectador mudo dos meus esforços. Deus é presença. Não são os meus rogos que O fazem descer às minhas preocupações, porque, antes que eu lhe peça, já Ele está. A insistência da oração não é para mover a Deus, mas para mover-me a mim. Deus é o dom sempre pronto; eu sou a ausência que tarda.

A oração exige perseverança. “Batei e hão-de abrir-vos” – refere o Evangelho. É sempre necessário insistir mais uma vez. Se Abraão insistisse, Sodoma e Gomorra teriam sido destruídas? A oração dos justos é o apoio e o sustento da cidade de Deus e dos homens, Enquanto houver dez justos, a construção permanece. A oração é o melhor que posso dar àqueles que amo. Quando um homem reza, todo o mundo se eleva e ttransfigura.

Na marcha da humanidade, os místicos vão sempre adiante, exploradores de Deus e das realidades terrenas. Os problemas do mundo e dos homens precisam de silêncio que os escute, de luz que os esclareça. Rezar os problemas é a solução. 

Peçamos a Maria, mulher orante, que nos ajude a rezar o Pai-Nosso com Jesus, para viver o Evangelho, guiados pelo Espírito Santo.

Diácono António Figueiredo

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