TUDO CONVERGE

Reflexão à Liturgia da Palavra do VII Domingo da Páscoa (Ascensão do Senhor) – ano C

A Ascensão é o termo glorioso do mistério de Cristo. Desde Belém ao Calvário, tudo era ascensão e subida pelos caminhos secretos da vontade do Pai. Chegou a hora da posse definitiva, da exaltação suprema. A Ascensão do Senhor proclama o domínio absoluto de Jesus Cristo sobre todas as coisas. Deus tudo submeteu a seus pés e pô-lo acima de todo o nome. Subindo ao Céu, Jesus Cristo torna-se o centro da história, protagonista de Deus e dos homens. Tudo sobe, tudo converge por Ele e para Ele.

Os Actos dos Apóstolos 1, 1-11, que nos fala a primeira leitura, narram, com toda a simplicidade, como se deu a Ascensão de Jesus ao Céu. Esta narração ensina-os duas verdades: Jesus Cristo foi, mas continua connosco; chegou agora a nossa hora de evangelizar o mundo.

No Salmo Responsorial, (Salmo 46 (47) 2-3. 6-7. 8-9), o salmista entoa um hino de aclamação a Jesus Cristo ressuscitado que sobe gloriosamente ao Céu.

S. Paulo na Epístola aos Efésios 1, 17-23 que nos aparece como segunda leitura deste Domingo, faz um apelo à nossa esperança: “O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de luz […] para compreenderdes a esperança a que fostes chamados”.

Jesus Cristo não se limita a impor-nos um encargo, mas promete-nos a Sua assistência pessoal enquanto estivermos na terra. A passagem evangélica deste Domingo é extraída do Evangelho de S. Lucas, capítulo 24, versículos 46-53.

“Elevou-se à vista deles” – narra a primeira leitura. A Ascensão de Jesus constitui para os crentes, tesouros de glória e grandeza (2.ª leitura). Entramos com Jesus Cristo na glória, a receber a mesma herança. Fomos exaltados com Jesus Cristo e sentados à direita do Pai, solidários no mesmo triunfo do nosso Chefe e Cabeça. A Ascensão de Jesus Cristo ao Céu celebra a plenitude do homem e da vida. Jesus Cristo é a nossa plenitude e dele todos nós recebemos (Epístola de S. Paulo aos Colocensses 2,10). Cristo triunfal é a esperança da glória. 

A primeira leitura refere ainda que “uma nuvem escondeu-O a seus olhos”. É a nuvem de sempre, que envolve em mistério o rosto de Deus, desde o princípio ao fim da História da Salvação. Deus fala-nos por entre nuvens, porque ninguém pode fitar o esplendor infinito da Sua verdade e essência. Por isso, o mistério que O revela e nos fascina, ao mesmo tempo O encobre e emudece. Começa o tempo de fé, nuvem de espera, que se interpõe entre o divino e o humano, o etero e o agora. Subindo ao Céu, Jesus Cristo deixou a Igreja em seu lugar, como continadora da Sua missão. A Igreja é a divina presença do Senhor, o mistério de Cristo entre as nuvens.

Jesus Cristo continua na glória o ofício de Redentor, construindo com as pedras vivas das nossas obras a morada definitiva. “Vou preparar-vos um lugar” – diz-nos S. João no seu Evangelho, 14,2. Trabalha em nosso favor a mesma divina solicitude, que O fez descer e encarnar. Jesus Cristo glorioso eleva à plenitude a obra da Encarnação. No Verbo encarnado iniciamos a subida e em Jesus Cristo triunfal se completa a nossa elevação, inseparáveis do mesmo destino, “cativos” da mesma glória. “Quero que, onde Eu estou, estejam eles também” (S. João 14,24). “Ao vencedor concederei sentar-se comigo no meu trono” (Livro do Apocalipse 3,21).

A Ascensão envia-nos ao mundo a levar a verdade contemplada. Jesus diz no Evangelho: “Vós sois testemunhas de tudo isto”. A contemplação leva à acção. “Porque ficaste a olhar para o Céu?”. O mundo exige, a vida chama. A Ascensão não é fuga das realidades terrenas, mas exigência e compromisso. Quando nos dermos aos outros, subiremos a ver a Deus. Vamos proclamar, com a vida, a morte e a Ressurreição do Senhor. Para isso, temos de ser baptizados no Espírito Santo, o Prometido do Pai (1.ª leitura).

Revestidos com a força do alto, levados pelo Espírito, venceremos o mundo e a morte, passaremos além das nuvens e tormentas, até que Jesus Cristo volte com a mesma glória e poder (primeira leitura). 

Com Nossa Senhora, a imitação dos Apóstolos depois da Ascensão, recolhamo-nos em espírito com Maria no Cenáculo, em oração, aguardando a vinda do Espírito Santo. 

Diácono António Figueiredo

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