Meditando a Liturgia da Palavra do IV Domingo da Páscoa
Cristo ressuscitado é o Bom Pastor prometido. Andava a humanidade inteira como ovelhas sem pastor. Por sua morte e ressurreição, Jesus constituiu-se pastor e guarda das nossas almas, juntando na unidade os filhos de Deus dispersos.
Este IV Domingo da Páscoa, é tradicionalmente chamado Domingo do Bom Pastor, porque o Evangelho fala-nos dele.
Celebramos o Dia Mundial de Oração pelas vocações. Pedimos vocações para todos os ministérios da Igreja, mas de um modo especial imploramos a graça de a Igreja poder dispor de muitos e santos sacerdotes para servirem o povo de Deus.
Na primeira leitura deste tempo pascal, escutamos e meditamos uma passagem do Livro dos Actos dos Apóstolos. Para este Domingo foi extraída do capítulo 13, versículos 14.43-52. Hoje é narrada a grande actividade evangélica de São Paulo e São Barnabé em Antioquia de Pisídia. Dão-nos o exemplo de não desanimarem perante as dificuldades encontradas. Foi e é ainda hoje no meio de sacrifícios e perseguições, que a Igreja é implantada em todo o mundo.
O Salmo Responsorial é o Salmo 99 (100) 2.4.5.6.11.13b. De novo o Espírito Santo convida-nos a entoar um cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que operou na Páscoa.
Na segunda leitura, tirada do Livro do Apocalipse 7, 9.14b-17, S. João dá-nos um vislumbre do Céu: uma multidão imensa que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e na presença do Cordeiro, revestidos de túnicas brancas e de palmas na mão.
A passagem evangélica é de S. João 10, 27-30. Prometemos-lhe a nossa fidelidade e segui-l’O pelos caminhos da vida.
“O Cordeiro será o seu Pastor” – refere a segunda leitura. O Cordeiro imolado fez-se Pastor. À sua volta se reúne a comunidade pascal, rerspondendo à Palavra, comungando a Vida. Na Igreja, redil de Cristo, cabem todas as pessoas. Jesus Cristo é o único Pastor do único rebanho e não há outra voz, outro caminho. Toda a humanidade lhe pertence, resgatada no seu sangue redentor. Cristo pagou por ela o preço da sua vida. O seu coração de Pastor e de Cordeiro, fez-se redil de todas as dores e buscas desgarradas. Em paga do seu despojo e doação, o Pai deu-lhe como prémio e senhorio do homem e do universo. A humanidade resgatada é o dom maior de tudo, recebido do Pai. Cada pessoa é o tudo, onde Jesus Cristo se extasia e se oferece..
“Eu conheço-as e elas seguem-me” – afirma Jesus no Evangelho. Ser ovelha de Jesus Cristo é escutar a sua voz. Tem um acento que só eu conheço, exigências que só eu entendo. Cristo conhece a minha história e aceita-me tal como sou. Conhecer a Cristo é vivê-lo e seguir os seus passos para onde quer que vá. Vamos pelos prados da fé, obedientes à Palavra de Alguém que nos chamou pelo nome. Virão mercenários e salteadores, mas “ninguém há-de arrebatar da sua mão” a Igreja que o Pai lhe deu. O “mistério da iniquidade” não há-de vencê-la. “Jamais hão-de perecer”.
“Dou-lhes a vida eterna” – assegura Jesus no Evangelho. A fé é o início e o fundamento da vida nova. Sequindo a voz de Jesus Cristo, somos introduzidos na vida imutável, onde já vivemos agora na fé e na esperança. A vida eterna começa hoje. Está aberta a porta, porque o Pastor se fez Cordeiro, dando-nos a própria vida. Para entrar na vida eterna temos de passar “a grande tribulação”, feita de lutas e contradições, até que as nossas vidas sejam branqueadas no sangue do Cordeiro (2.ª leitura). Quando dermos a vida em testemunho do amor, começaremos então a viver a vida eterna. É em Cristo que purificamos o olhar para ver a Deus e termos acesso ao Pai, vivendo em comunhão com Ele.
“Estabeleci-te para seres a luz das nações” – salienta a primeira leitura. Bom Pastor é também a Igreja, Cristo visível, sacramento divino da sua presença real. “Quem vos ouve, a mim ouve”. Foi investida na missão de ser luz nas trevas e iluminar toda a pessoa que vem a este mundo. Pela voz dos seus pastores, a Igreja torna presente a Jesus Cristo ressuscitado. É a sua missão. “Cristo ressuscitou e apareceu a Simão” – São Lucas 24,34. Leva-nos “às nascentes das águas da vida” (2.ª leitura), às águas do repouso”, repartindo por todos “as ervas frescas”, o alimento da Palavra e do Pão.
Também eu sou pastor, minha régia missão, recebida no Baptismo. Todo o cristão é responsável e guarda de seus irmãos. Há corações tresmalhados à escuta da minha voz. Quando eu der a minha vida, abrem-se no mundo caminhos e certezas de vida eterna.
Dirijamo-nos agora a Maria, Mãe de Jesus Cristo, Bom Pastor. Ela que respondeu prontamente à chamada de Deus, ajude em particular a quantos são chamados ao sacerdócio e à vida consagrada a aceitar com alegria e disponibilidade o convite de Nosso Senhor Jesus Cristo a serem os seus colaboradores mais directos no anúncio do Evangelho e no serviço do Reino de Deus nesta nossa época.
Diácono António Figueiredo
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