AO PRINCÍPIO NÃO ERA ASSIM

Liturgia da Palavra do XXVII Domingo do Tempo Comum, Ano B

(Génesis 2, 18-4; Epístola aos Hebreus2, 9-11. Evangelho segundo S. Marcos 10, 2-16)

A Palavra de Deus leva-nos hoje às origens do amor humano, a beber às águas donde ele nasce. Anda o amor corrompido em sua pureza original, manchado de egoísmos e infidelidades. Mas ao princípio não era assim.

“No princípio da criação fê-los Deus homem e mulher” – refere o Evangelho. Daqui nasce a sexualidade humana. Vem-nos com o dom de criação e traça-nos um destino, a maneira de ser e de existir. Não é pecado, mas dom de Deus. Não se confunde e reduz à função genital, mas compreende todo o nosso ser e marca todo o comportamento do homem e da mulher, integrando todos os seus valores. Se homem e ser mulher, é aceitar a sua verdade total, corpo e espírito.

A sexualidade humana significa complementariedade e inteligência. “Não convém que o homem esteja só””- lê-se na primeira leitura. Homem e mulher existem um para o outro. Somos seres incompletos, que no diálogo com os outros nos remimos e completamos. Precisamos de um outro “semelhante”, que nos faça sair da nossa solidão. Sexualidade é abertura para os outros, onde nos revemos e encontramos o que nos falta. Dela nasce o amor, expressão de plenitude e doação total.

“Deus criou o homem à sua imagem; Ele os criou homem e mulher” – Génesis 1, 27. A sexualidade humana é imagem de Deus, que consiste em dar-se. Esta semelhança com Deus faz-se, não só pelo espírito, mas também através da nossa condição carnal, pela qual a personalidade humana exprime e realiza a plenitude do seu ser. A realidade sexual aparece como imagem de Deus, quando comunica amor autêntico, que nasce de Deus, fonte de vida e de todo o amor, A sexuali8dad4 reenvia-nos para Deus, onde as nossas exigências de dar e receber encontram sentido e plena realização.

A sexualidade humana participa da redenção. Ela não é “o pecado” por excelência, mas como toda a realidade humana, foi arrastada na queda original e marcada de rebelião e desequilíbrio. Remido o homem, também a sexualidade foi purificada no sangue de Jesus Cristo, que a tornou capaz de exprimir em santidade e em verdade o amor dos filhos de Deus. Tem um sacramento, o sacramento do Matrimónio, que a santifica e assiste no esforço de nos configurar a Jesus Cristo s a torna instrumento de graça. Integra-se no plano redentor do Pai, colaborando para o crescimento do Reino, em número e em santidade. A sexualidade humana torna o homem e a mulher fecundos, física e espiritualmente, à imagem de Deus Criador, que se fez carne em Maria. Hoje, como no princípio, “viu Deus a sua obra e achou-a muito boa” – Génesis 1,3.

“Os dois passarão a ser um só” – salienta o Livro do Génesis 2, 24. A união matrimonial é expressão da natureza sexual do homem e da mulher. Perante os costumes de então, e face aos sofismas e degradações dos nossos dias, Jesus afirma com divina autoridade a unidade de indissubilidade do matrimónio, condenando o amor livre, o adultério e o divórcio.

É por isso que o matrimónio é mistério grande (Epístola de S. Paulo aos Efésios). Significa a união indissolúvel entre Cristo e a sua Igreja. Na linguagem dos profetas, o amor que Deus nos tem é amor esponsal. Como o amor de Deus, também o amor dos esposos não tem rotura. Amar é assim.

Diácono António
Mesa da Palavra
Com o Diácono António

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