
Arte, nas muitas maneiras em que esta pode ser praticada, sempre foi usada como uma forma de expressão primordial.
Pier Pablo Spinazzè, mais conhecido como Cibo (“comida”, em italiano) escolheu como forma de expressão uma mistura curiosa entre pintura (mais especificamente graffiti) e culinária.
Cibo é um artista de rua, que tem como tela a cidade de Verona, Itália, e a sua arte consiste em cobrir com ilustrações dinâmicas e coloridas de comida, graffitis fascistas e de ódio. A sua jornada começou há cerca de 12 anos, quando um dos seus colegas e amigos foi assassinado por um grupo fascista. Pouco após essa ocorrência, Pier deparou-se com um muro na cidade, coberto de graffitis, muitos deles fascistas. Revoltado, decidiu combater ódio com as suas melhores armas: “arte, cultura e ironia”. Pouco depois, apercebeu-se que esses grupos tinham voltado ao local e grafitado novamente, por cima do seu trabalho. Para Cibo, isto foi como que uma declaração de guerra; começou a revisitar frequentemente os seus trabalhos, e cada vez que um deles estava arruinado, fazia outra pintura por cima, ainda maior e mais extravagante do que a anterior: “Deste modo, cada vez que eles voltavam para estragar o meu trabalho, eu acrescentava desenhos de molhos às salsichas. Assim o seu ódio tornava-se parte da minha cozinha” (tradução livre de uma declaração de Cibo, referenciando um dos seus trabalhos). Estas ocorrências não só incitavam Cibo a trabalhar arduamente e a melhorar as suas capacidades, fazendo ilustrações cada vez maiores e mais arrojadas, como também levou ao silenciamento das iniciativas fascistas, que após algum tempo desistiam de ripostar.
Cibo apela aos seus colegas e amigos, convidando-os a tomar parte da sua iniciativa; apesar das ameaças que o seu trabalho recebe, defende que “remover inscrições de ódio é tanto um dever cívico como um direito. (…) Não há nada excecional naquilo que eu faço, mas sim algo vergonhoso naquilo que os outros escolhem não fazer”.
Que esta semana consigamos fazer como Cibo, combatendo todo o ódio em nosso redor com um amor e uma persistência inabaláveis.
Teresa Cunha

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