
Comentando a mensagem do Papa Francisco,
para o dia mundial das missões,
celebrado a 18 de outubro de 2020
No Evangelho segundo S, Mateus, capítulo 28, versículo 19, Jesus disse aos seus discípulos:
«ide, pois, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome o Pai e do Filho e do Espírito Santo»
Ainda no Livro dos Actos dos Apóstolos, vemos, logo no início do capítulo 2, a narração do mistério do Pentecostes, onde os discípulos cheios do Espírito Santo, perderam o medo, e começaram a proclamar a ressurreição de Jesus.
Mais adiante, no capítulo 7 do mesmo livro, é narrado o martírio de Estevão, versículos 54-60. Como consequência deste acontecimento, «no mesmo dia, (do martírio de Estêvão), uma terrível perseguição caiu sobre a Igreja de Jerusalém. (…) «Os que tinham sido dispersos, foram de aldeia em aldeia, anunciando a palavra da Boa Nova.»
Vale pois a pena ler o capítulo 8 dos Actos dos Apóstolos, para termos uma visão de como nasceu a evangelização nos primeiros tempos do cristianismo.
Na «época dos descobrimentos» foram muitos os missionários quer partiram em frágeis caravelas, desde a Europa, levando com eles o anúncio da Boa Nova do Reino de Deus. Certamente as barreiras a vencer foram muitas: desde o clima, aos usos e costumes dos povos a evangelizar ou até da comunicação linguística. Não há dúvida que foi gigantesca a tarefa da evangelização dos povos. Muitos missionários deram a vida pela causa do Evangelho: uns sofreram a palma do martírio, outros porém, pereceram vítimas de doença, como a malária. Nos países evangelizados, ainda hoje é notória e palpável a obra realizada pelos primeiros missionários, não apenas no domínio do anúncio do Reino de Deus, como nos aspectos inerentes à vida social, cultural, etc.
Palavras do Santo Padre:
«No sacrifício da cruz, onde se realiza a missão de Jesus (cf. Jo 19, 28-30), Deus revela que o seu amor é por todos e cada um (cf. Jo 19, 26-27). E pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser enviados, porque Ele é Amor em perene movimento de missão, sempre em saída de Si mesmo para dar vida. Por amor dos homens, Deus Pai enviou o Filho Jesus (cf. Jo 3, 16). Jesus é o Missionário do Pai: a sua Pessoa e a sua obra são, inteiramente, obediência à vontade do Pai (cf. Jo 4, 34; 6, 38; 8, 12-30; Heb 10, 5-10). Por sua vez, Jesus – crucificado e ressuscitado por nós –, no seu movimento de amor atrai-nos com o seu próprio Espírito, que anima a Igreja, torna-nos discípulos de Cristo e envia-nos em missão ao mundo e às nações.
«A missão, a “Igreja em saída” não é um programa, um intuito concretizável por um esforço de vontade. É Cristo que faz sair a Igreja de si mesma. Na missão de anunciar o Evangelho, moves-te porque o Espírito te impele e conduz (Francisco, Sem Ele nada podemos fazer, 2019, 16-17). Deus é sempre o primeiro a amar-nos e, com este amor, vem ao nosso encontro e chama-nos. A nossa vocação pessoal provém do facto de sermos filhos e filhas de Deus na Igreja, sua família, irmãos e irmãs naquela caridade que Jesus nos testemunhou. Mas, todos têm uma dignidade humana fundada na vocação divina a ser filhos de Deus, a tornar-se, no sacramento do Batismo e na liberdade da fé, aquilo que são desde sempre no coração de Deus.»
A mensagem reconhece como, apesar de “verdadeiramente assustados, desorientados e temerosos”, se verifica como “o sofrimento e a morte nos fazem experimentar a nossa fragilidade humana; mas, ao mesmo tempo, todos participamos de um forte desejo de vida e de libertação do mal”.
Neste contexto, a missão é um convite “a sair de si mesmo por amor de Deus e do próximo” e uma “oportunidade de partilha, serviço, intercessão”.
Diácono António Figueiredo
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