Joynal 7.6.2020

Uma luta que mexe com todos

artigo preparado por
Teresa Cunha e Leonor Félix

Ao longo desta semana, as redes sociais por todo o mundo encheram-se com conteúdo relativo ao movimento Black Lives Matter.

Numa altura em que um vírus alerta as pessoas a ficarem em casa o máximo possível, o mundo choca-se com imagens de ruas de várias cidades dos Estados Unidos da América repletas de pessoas em manifestação. O motivo? A luta pela erradicação de outro vírus. O racismo.

George Floyd, um cidadão afro-americano de 46 anos, morreu no dia 25 de maio deste ano, depois de um agente da força policial da cidade de Minneapolis se ter ajoelhado em cima do seu pescoço durante 8 minutos e 46 segundos, mesmo face aos pedidos de George, que afirmou repetidamente que não conseguia respirar.

A morte de George Floyd não foi a primeira em que os cidadãos dos Estados Unidos se depararam com este tipo de violência e abuso provenientes das autoridades, mas foi como que a faísca que levou ao início daquilo a que muitos chamam de “revolução”.

Neste momento estão a decorrer protestos em várias cidades americanas que demonstram a fúria perante esta injustiça. No dia 31 de maio ocorreram protestos em simultâneo em 140 cidades, e no dia 4 de junho, em todos os estados e em mais de 18 países.

Estes protestos levaram a que medidas disciplinares e legais fossem tomadas contra os quatro agentes envolvidos na detenção de George Floyd, tendo sido os quatro demitidos. Contudo, só passado quatro dias é que Derek Chauvin (o polícia que se ajoelhou no pescoço de George) foi detido por homicídio culposo e assassinato em 3º grau.
Mesmo assim, a família de George, e muitas outras pessoas, exigem justiça, tendo criado o #RaiseTheDegree (numa tradução livre “Aumentem o grau”) num apelo a que a pena atribuída fosse reavaliada e aumentada, para refletir o verdadeiro grau do crime a que corresponde. No dia 3 de junho, o grau foi aumentado para Derek Chauvin e os outros 3 polícias encontram-se detidos por cumplicidade. 

Este apelo contra a injustiça e a violência policial veio a unir comunidades e todo o tipo de culturas, desde a comunidade negra a tantas outras minorias, que também são vítimas de discriminação, e criou uma enorme corrente online de sensibilização para este assunto. 

O racismo não é algo exclusivo dos Estados Unidos. Ele existe em todo o mundo, e sim, também em Portugal. E este artigo serve também para sensibilizar e educar as pessoas nesse sentido.

Desde que todo este movimento iniciou, já foram muitos os países que se juntaram aos protestos, dando voz aos oprimidos. 

Mas protestar não é única maneira de emprestarmos a nossa voz a quem precisa dela para se fazer ouvir: educar-nos a nós mesmos no assunto e compreendermos o porquê da urgência desta luta deve ser o ponto de partida. E, a partir daí, nunca parar. Porque a luta também nunca para, não até ao racismo estar erradicado. Devemos partilhar conteúdo, assinar petições, mantermo-nos atualizados no desenvolver da situação, e fazer um esforço para educarmos aqueles que se encontram em nosso redor. Essas são as únicas maneiras de conseguirmos converter a nossa sociedade numa que não se cale perante injustiças. Porque quem se cala perante injustiças não é em nada melhor de quem as comete.

Black Lives Matter (numa tradução livre “As Vidas Negras Importam”) é um movimento ativista internacional com origem na comunidade afro-americana que luta contra a violência direcionada a pessoas negras. Este movimento protesta contra a discriminação racial, brutalidade policial e desigualdade racial no sistema de justiça criminal dos EUA.
Os protestos começaram com a morte de Ferguson, mas continuaram, apelando por justiça pela morte de numerosos outros afro-americanos, resultantes de ações policiais ou enquanto sob custódia da polícia, incluindo: Tamir Rice, Eric Harris, Walter Scott, Jonathan Ferrell, Sandra Branda, Samuel DuBose, Freddie Gray e agora, mais recentemente George Floyd.
O movimento acabou por atingit uma escala internacional, chegando a países como a África do sul, Austrália, Inglaterra e Brasil. Todos estes adotaram o grito “Black Lives Matter”.

Dizer que as “Vidas Negras Importam” não significa que as outras vidas não importam, aliás, seria um bocado contraditório se fosse esse o caso.

O verdadeiro significado desse lema é que “As vidas negras importam tanto como qualquer outra”. E, enquanto que para que alguns de nós isso possa parecer óbvio e até redundante, face a muitos sistemas judiciais esse não é o caso.

Um exemplo muitas vezes apresentado para explicar isto é o seguinte: se uma casa estivesse a arder, nós não nos iríamos aproximar do proprietário e dizer “Todas as casas podem arder”. Isso não faria muito sentido, pois não? O que nós faríamos seria assistir ao seu pedido de ajuda, e auxiliá-lo a apagar o fogo. E isso é o que devemos fazer neste momento. Disponibilizar-nos, e ajudarmos os irmãos negros, e todas as outras minorias vítimas de discriminação, a erguerem-se e a lutarem pelos seus direitos.

Seguir o exemplo das comunidades que se juntaram e uniram nos protestos, em compaixão e solidariedade, e que estão neste momento a trabalhar para voltarem a erguer aquilo que foi perdido nesta luta que já nem sequer devia ter que ser travada. Todas as comunidades que puseram de parte as suas diferenças, pelo bem da luta que têm em comum. Todos aqueles que fizeram muito do pouco que tinham, e usaram-no para dar voz aos que nada têm.

Esta semana, que as nossas intenções sejam por todas as famílias que sofreram perdas injustificáveis às mãos de quem tem o dever de as proteger. Por todos aqueles que canalizam a raiva de anos de opressão e descriminação para travarem a luta que têm pela frente. Por todos aqueles que nunca perdem a esperança e a fé de poderem converter a nossa sociedade numa que seja justa e igual. E por todos os que se juntam à luta, que Deus lhes dê sabedoria para poderem ajudar os que mais necessitam.

Teresa Cunha
Leonor Félix

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