
XXXII DOMINGO DO TEMPIO COMUM ANO C
DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE LATRÃO
A Basílica de Latrão é a cabeça de todas as Igrejas. Foi a sede dos Papas durante dezasseis séculos e continua a ser a Igreja própria do Bispo de Roma. A Basílica de Latrão recorda e simboliza a unidade da Igreja , fundada sobre o alicerce de Jesus Cristo e a rocha de Pedro. Celebramos a Igreja, Jerusalém nova descida do Céu, a morada de Deus entre os homens.
Na Sagrada Escritura a água é citada com frequência como fonte da vida e de maneira eminente da vida do Espírito Santo. É Ele a alma ou a vida da Igreja. Mas, falando da Basílica de Latrão, a imagem da água evoca imediatamente as águas das fontes batismais do célebre baptistério contíguo à Basílica, onde durante séculos, na Vigília Pascal, nasceu a Igreja de Roma.
“Debaixo do limiar da porta saía água em direcção ao Oriente” refere a primeira leitura da profecia de Ezequiel 47, 1-2.8-9.12.
“Os braços dum rio alegram a cidade de Deus, a morada santa do Altíssimo” é o refrão do Salmo Responsorial que a Liturgia propõe o salmo 45 (46) 2-3.5-6.8-9
O verdadeiro templo de Deus é a comunidade cristã, a Igreja de Deus nascida no Baptismo, da água do Espírito Santo. Na construção deste templo, cada baptizado é uma pedra viva, colocada sempre sobre o único fundamento que é Jesus Cristo.
“Não sabeis que sois templo de Deus?”, pergunta S. Paulo na segunda leitura, da Primeira Epístola aos Coríntios 3,9-11. A Igreja, Corpo de Cristo, é o templo visível de Deus. Representa no mundo a comunidade das Três Pessoas divinas, convoca e edifica a única família de Deus. Abre-se ao mundo como lugar do encontro entre Deus e os homens, tendo Jesus Cristo por fundamento e pedra angular. Chama todos os homens a entrar e todos lhe pertencem, porque foram resgatados no sangue de Jesus Cristo. Todos têm lugar à mesa, como em casa própria, saciados pelo dom do mesmo Espírito, que neles mora e trabalha. A humanidade inteira forma o único Povo de Deus, o mesmo Corpo de Jesus Cristo, uns unidos pela mesma lei e os mesmos sinais, outros por laços interiores, que nos irmanam no mesmo Espírito. A caridade dá-nos a estrutura e a força de coesão, que sustenta e embeleza todo o edifício.
Mas todo o cristão é templo de Deus, dedicado pelo Baptismo. O amor que Deus nos tem, construiu para Si uma casa. Nós somos as pedras vivas, trabalhadas por Sua morte e ressurreição, para edificar o Templo espiritual das suas glórias. O nosso corpo é templo do Espírito Santo, mora nele a Santíssima Trindade. Somos todos pedras escolhidas do Templo do Senhor, ajustadas na mesma construção, que não consente desuniões nem fracturas. Cada irmão ou irmã é um recinto sagrado, tabernáculo do Altíssimo, aonde vamos juntos louvar e adorar. Onde houver um verdadeiro adorador em espírito e verdade, aí estará o Templo de Deus.
Ao mesmo tempo que liberta o Templo de negócios com que os homens se manchavam, Jesus Cristo afirma de maneira simbólica que o verdadeiro Templo é Ele próprio, que a Sua humanidade é o lugar onde podemos encontrar o próprio Deus e onde Deus Se comunica a nós. Promete reedificar em três dias o Templo que os homens viriam a destruir. Jesus Cristo anuncia a Sua Morte e Ressurreição.
“Jesus falava do Templo do Seu Corpo”, diz a passagem evangélica deste Domingo, do Evangelho segundo S. João 2, 13-22. O Templo de Jerusalém era o sinal visível da presença de Deus no meio do Seu povo. Depois que o Verbo encarnou, Jesus Cristo é o único Templo de Deus onde habita a plenitude da divindade. Pela Sua morte e ressurreição inaugura no mundo uma presença nova em todo o tempo e lugar. O véu do velho Templo rasgou-se, os muros ruíram, para dar lugar ao Templo novo, o Cristo ressuscitado. Os nossos templos são a Casa de Deus, a Porta do Céu, sinais de Jesus Cristo e da Sua Igreja.
Mas o cristão é também o sacerdote que oferece, a vítima que Se imola. A nossa vida acontece como liturgia sagrada, oferecendo-se, como Jesus Cristo ao Pai, em oblação pura. Somos casa de oração, a divina intimidade, presença de Deus entre os homens. Quando o cristão passa, anda o Senhor na rua.
“O Senhor está realmente aqui e eu não sabia.” (Génesis 28,16) Caminhemos com a Bem-aventurada Virgem Santa Maria, para chegarmos a Jesus Cristo e com Ele chegarmos ao Pai.


