
Reflexão à Liturgia da Palavra
Domingo VIII do Tempo Comum ano C

A Liturgia da Palavra deste oitavo Domingo convida-nos a reflectir sobre a confiança em Deus e a importância do discernimento nas nossas acções. As leituras destacam a generosidade e o cuidado de Deus por nós. No Evangelho, Jesus ensina que devemos evitar julgar os outros, incentivando-nos a olhar para as nossas próprias falhas. Seja esta celebração uma oportunidade para renovarmos a nossa fé, acolher a Palavra de Deus e fortalecer o nosso compromisso para com a comunidade, sempre guiados pelo Espírito Santo.11A Liturgia da Palavra chama a nossa atenção para a virtude da prudência. Esta virtude manifesta-se, antes de mais, por um coração magnânimo e humilde que reconhece os próprios erros e limitações e reconhece o bem que há nos outros.
A primeira leitura vem do Livro de Ben-Sirá 27, 5-8. O autor deste livro, ensina-nos, por meio de imagens, que as palavras revelam o coração de cada um de nós.
O Salmo Responsorial é o Salmo 91 (92) 2-3.13-14.15-16. Neste salmo somos convidados, pelo Espírito Santo a louvar ao Senhor, pelos prudentes conselhos que recebemos na primeira leitura.
A segunda leitura, é da primeira Epístola de S. Paulo ao Coríntios 15, 54b-57, onde o Apóstolo escreve que a morte e o pecado foram vencidos pela Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Vivamos com alegria a nossa vocação de filhos e filhas de Deus, enquanto vamos a caminho do Céu.
O Evangelho é de S. Lucas 6, 39-45. Jesus Cristo ilumina os caminhos da nossa vida com os Seus conselhos e admoestações que o Evangelho nos transmite. O cristão é mensageiro da Boa Nova, testemunha entre os homens do que viu e ouviu. “Como o seu Mestre” – refere o Evangelho. Tem uma maneira de ser e estar no mundo, que o assinala e distingue com a marca inconfundível do Pai. É o discípulo fiel que aprende Cristo, assimilando a sua mensagem. O Baptismo compromete-nos. Tudo o que dizemos e fazemos tem uma dimensão redentora como assalariados de Deus na vinha dos homens. O cristão pensa e actua como Cristo, ama pela medida do seu amor sem barreiras. Não segue outros pedagogos, outras doutrinas, porque não há pensamento redentor que não esteja crucificado. “Um só é o vosso Mestre” (Evangelho de S. Mateus 23,8). Se quero ser como o Mestre, tenho de fazer-me lição.
Precisamos de gente que fale com a vida, porque há muitas setas que apontam e poucos caminhos que levem. “Retira primeiro a trave da tua vista”, lemos no Evangelho. Falta coerência entre as palavras e as obras, como fariseus hipócritas, que dizem, mas não fazem. Todos levamos nos olhos a trave espessa da nossa mediocridade que nos impede de ver a verdade e o bem que estão nos outros. É preciso primeiro olhar para nós mesmos antes de julgar alguém. Julga-te a ti e absolverás o teu irmão. Se queres corrigir alguém, corrige-te a ti mesmo. Quando as tuas trevas se converterem em luz, então serás caminho por onde os outros passam e não sino0 a badalar sentenças. Antes de converter os outros, tenho de converter-me a mim. “Hipócritas!”.
“A árvore conhece-se pelo fruto”, diz Jesus no Evangelho. Foi a regra de discernimento que o Senhor nos deixou. O testemunho da vida brota da raiz do coração, onde o homem é o que é, sem máscaras ou fingimentos. O Cristão vive enraizado em Cristo. D’Ele lhe vem a seiva da graça, que produz frutos para a vida eterna. Assim vivemos assimilados a Cristo, fazendo as mesmas obras que Ele faz. São elas que nos apontam aos olhos do mundo como seus discípulos. Por elas se avalia o nosso compromisso co0m o Evangelho. Duma adesão tímida e calculada, só podem nascer frutos de mediocridade. Queremos ser a árvore boa, enraizada na fé e na esperança. Assim nos libertamos do fruto do pecado que nos expulsa do paraíso e gera a morte.
“Da abundância do coração fala a boca” – salienta o Evangelho. Para isso é preciso esvaziar o coração de todo o egoísmo e torná-lo sensível às razões do amor, que só ele entende. Assim abundarão em nós as riquezas do Coração de Jesus Cristo para agir e amar. Do coração romperá a força que nos leva ao mundo, no serviço de amar como Cristo amou. O coração do homem é tesouro escondido, com insondáveis riquezas ainda por explorar. O melhor do coração não chega à boca,. A “obra do Senhor” é amarmos com a abundância do coração.
“Permanecei firmes, inabaláveis” (2.ª leitura). Que a Bem -aventurada Virgem Santa Maria, cuja humildade Deus contemplou, a Virgem do silêncio , a quem agora rezamos, nos ajude a purificar o nosso olhar e o nosso falar.

