
Reflexão à Liturgia da Palavra
da Festa da Apresentação do Senhor

Diácono Antonio Figueiredo
Quarenta dias depois do Natal celebramos a Festa da Apresentação do Senhor no Templo. Esta festa também é conhecida como a Festa de Nossa Senhora da Purificação, Senhora da Luz, Senhora das Candeias ou Candelária, por formar parte da celebração uma procissão de velas que precede à Santa Missa. Na Igreja Oriental é designada como a Festa do Encontro de Jesus com o santo velho Simeão e a profetiza Ana.
Jesus é a Luz do mundo. Levemos sempre essa luz na nossa alma, para que em todos os nossos encontros com as pessoas elas encontrem Jesus e se acenda a Luz de Jesus Cristo também em suas almas. Jesus é levado ao Templo para ser oferecido ao Pai. Começa ali a oferta dolorosa que terminará na cruz. E Maria estava lá, comprometida na mesma oferta e formando com seu Filho a mesma hóstia imaculada. O altar daquela Missa foram os braços de Maria.
As palavras do Profeta Malaquias cumprem-se plenamente em Nosso Senhor Jesus Cristo e nos preparam, para compreender, com toda a riqueza, a passagem evangélica que será proclamada. A primeira leitura é da Profecia de Malaquias 3,1-4.
“O Senhor do Universo é o Rei da Glória”, é o refrão do salmo23, que a Liturgia propõe para Salmo Responsorial. Pela primeira vez, no dia da Apresentação do Senhor, o Templo de Jerusalém acolhe a presença real de Deus. Rezemos ou cantemos o salmo dando graças ao Senhor pelos templos cristãos onde Ele se encontra verdadeiramente presente.
A segunda leitura é da Epístola aos Hebreus 2, 14-18. Este trecho da Epístola aos Hebreus é escolhido para ser proclamado nos anos em que a festa coincide com um Domingo, como é o caso, tendo em vista que em Jesus Cristo se cumpre plenamente o anúncio do Profeta Malaquias na primeira leitura.
Jesus é Luz que santifica as nossas almas e ilumina as nossas inteligências. Essa luz se torna mais luminosa em cada Eucaristia. “Maria e José levaram, Jesus a Jerusalém”, começa a narração evangélica, do Evangelho segundo São Lucas 2,22-40. Pelos braços de Maria toda a humanidade foi ao Templo de Jerusalém e com Jesus sobe ao Pai. Jesus apresenta-se como o obediente do Pai a quem vem render a homenagem que lhe devem todas as criaturas. Se vem para nos ensinar, começa Ele por ser lição. Com Ele vamos aprender o perfeito louvor, o render ao Pai toda a honra e toda a glória. Nos braços de Maria, a humanidade e o universo tornam-se, com Jesus Cristo, a oblação pura, concelebrando com Ele o sacrifício imaculado. Por Jesus Cristo oferecemos ao Pai tudo o que somos e temos. Tudo lhe pertence, como Senhor da vida, causa e princípio de todo o bem. Do altar da nossa vida sobe direito ao céu, enchendo o Templo, o incenso ritual das nossas orações e ofertas.
“Deviam oferecer em sacrifício um par de rolas” diz o Evangelho. Assim, o fizeram Maria e José. Era o sacrifício dos pobres, como lhes competia. Pagaram depois o resgate prescrito pela Lei e voltaram para casa com o “seu” tesouro., A partir de agora Jesus Cristo é nosso, porque foi o Pai que no-l’O deu. É nosso porque leva a nossa imagem e partilha o nosso sangue. Esvaziou-se de Suas grandezas para assumir a condição de servo. Ficou connosco, Emanuel, armando no meio de nós a Sua tenda,, para ser a intimidade dos nossos desertos, a força das nossas lutas. Agora temos sobre Ele o direito que nos dá a grande misericórdia do Coração do Pai. É de toda a gente, feito tudo para todos, herança dos pobres do Reino.
”Simeão recebeu-O em seus braços”, descreve o Evangelho. E Ana falava a todos àcerca do Menino. A Apresentação do Senhor é Festa da Luz O Menino que nasceu é a “Luz para se revelar aos pagãos”. Maria e Simeão erguem em seus braços a Luz Salvadora, que ilumina os corações das pessoas. Ninguém feche os olhos à Luz. O cristão é aquele que abraçou a Luz de Jesus Cristo e entrou no cortejo dos “iluminados”, testemunhando a Luz. Como Jesus Cristo seremos “sinal de contradição”, porque há olhos que se fecham, trevas que resistem ao esplendor da verdade.
“E a graça de Deus estava com Ele”, conclui o Evangelho. E a graça de Deus está em mim. Sou de Deus, são para Ele as primícias do meu ser, pertencem-lhe as minhas obras, como ofertas de louvor, imoladas obre o meu altar. Sou de todos, devedor insolúvel dos meus irmãos. Da minha dádiva é que os outros vivem. A todos sou devedor dos meus talentos e todos me reclamam como outro Jesus Cristo Só pelo preço do amor poderei resgatar e ser resgatado. Não posso negar-me à minha salvadora, à qual fui enviado. Quero viver em “Apresentação” Toda a terra é o meu Templo de ofertas, todo o coração que sofre é o meu altar.
Tantos irmãos caídos, templos desertos, porque não há braços que os ergam em apresentação. Nesta hora de primícias, quero erguer a minha vida em luz e holocausto e subirá nas alturas um cântico novo. Coloquemos a nossa vida nos braços de Maria e ofereçamo-nos inteiramente ao Pai.

