
Reflexão à Liturgia da Palavra da festa da Sarada Família
Neste dia da festa da Sagrada Família somos convidados a celebrar o amor de Deus que se exprime na beleza de uma família simples, amorosa, servidora, disposta a viver com ardente compromisso a vontade de Deus. Procuremos abrir os nossos horizontes nas propostas de Deus. Sejamos testemunhas audazes do projecto grandioso da família cristã, ajudando a sociedade a encontrar a profundidade e beleza da vida e do amor. Coloquemos Jesus Cristo no centro da nossa vida: Maria e José nos ajudarão.
A História da Redenção é uma história de família. A salvação veio-nos na intimidade de um lar, imagem da Família de Deus. O projecto do Pai consistiu em fazer das pessoas uma só família, quem o confessasse em verdade e o servisse santamente . Para isso enviou ao mundo o Seu Filho, feito filho e irmão de todos os homens.
“Deus quis honrar os pais nos filhos e formou sobre eles a autoridade da mãe”. Assim começa a primeira leitura, do Livro de Ben-Sirá 3-7.14-17a. Quem honra os seus pais obtém o perdão dos pecados, um tesouro no Céu, encontra a alegria e longa vida.
Quem ama o Senhor sabe partilhar esse amor, encontrar a felicidade e se fecundo. Disto nos dá conta o Salmo Responsorial, para o qual a Liturgia propõe o salmo 1276 (1\28),1-2.3.4-5.
“Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição”, diz a segunda leitura, da Epístola de S. Paulo aos Colossenses 3, 12-21. A família cristã está hoje em crise, ameaçada nos seus valores essenciais. O amor lhe traz a resposta e o modelo da perfeição. Na família cristã Deus tem o primeiro lugar, o primado absoluto das nossas vidas e opções. Deus não é um desmancha-prazeres no amor das criaturas. Ele é Amor. A felicidade dum lar vem-nos de estar sempre ocupados nas coisas do Pai e na busca permanente de Jesus Cristo, até O levarmos connosco no coração e na vida. Assim cresce a família em sabedoria, estatura e graça, como o Menino Jesus. Na família cristã, Deus é tudo e tem o primeiro lugar.
“Porque Me procuráveis?. Não sabíeis que Eu devia estar na Casa de Meu Pai”, diz Jesus a Maria e a José na passagem evangélica deste Domingo, do Evangelho de S. Lucas 2, 41-51a. A família cristã é casa do Pai, santuário de sacrifícios e oblações. Está no mundo para colaborar com Deus no Seu projecto de amor e redenção , tornando-se continuadora da obra dos seis dias. Completa o número dos eleitos, preparando para o Pai um povo de filhos. A fecundidade da família está em crescer em número e graça diante de Deus e dos homens. Crescer é fazer a vontade do Pai. A grandeza da vida oculta de Nazaré resume-se em dizer sim, palavra que só o amor entende. A grandeza da família fundamenta-se no amor, fazendo tudo o que Deus quer.
“Jesus desceu com eles para Nazaré”, diz o Evangelho. A casa de Nazaré é mistério de vida oculta, para onde temos de descer. Ai o silêncio “grita” e ao ritmo da serra e do martelo se faz a obra do Pai e se constrói um mundo novo. Vida sem história, nada a declarar. No silêncio se calam ideias e se ocultam destinos como ninguém teve. Ganha-se ali o sustento com o trabalho de cada dia, como qualquer. No silêncio de Jesus se redimem projectos, que nunca verão a sua hora de triunfo e exaltação. É assim, na simplicidade anónima daquilo que acontece sempre que Deus vai executando os Seus planos de glória e de grandeza.
“Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso”, narra o último parágrafo do Evangelho deste Domingo. Jesus obedecia. A vida oculta em Nazaré é mistério de obediência. O Seu ofício é dizer sim, ocupar-se das coisas do Pai. Em todo o trabalho que lhe encomendavam via a obra do Pai, que consistia em fazer sempre a Sua vontade. Pelo trabalho de Nazaré, Jesus torna-se o artífice da nova humanidade, operário da redenção A obediência de Jesus Cristo dá a todos os Seus gestos eficácia redentora, escondida em pobres aparências. Quanto mas simples são as coisas, mais divinas se tornam.
A família cristã tem a graça de Jesus Menino crescendo em Nazaré. A Bem-aventurada Virgem Santa Maria, Mãe de Jesus e esposa de José, ampare as nossas famílias.


