MARIA – A ESPERANÇA DO ADVENTO

Reflexão à Liturgia da Palavra do 2⁰ Domingo do Advento, Ano C
Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria
Imaculada Conceição, Nossa Senhora do Advento! A Bem-aventurada Virgem Santa Maria resume toda a esperança do Advento, figura da humanidade ao encontro do Messias. N’Ela o olhar humano se purifica para ver a promessa de Deus. Foi Maria a primeira a acolher o Salvador e a beneficiar da Sua vinda . Em Maria Imaculada o Natal já deu o seu fruto, o primeiro, o mais saboroso.
A Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Santa Maria, celebrada em pleno coração do Advento, não só não nos distrai da celebração deste tempo litúrgico, mas torna-o mais intenso. Com o anúncio profético da Imaculada, a Mulher esmagará a cabeça da serpente infernal, a promessa da vinda de Jesus Cristo para nos salvar, torna-se mais próxima. Na verdade, a Imaculada Conceição de Maria vem recordar-nos que Deus já começou o processo da nossa libertação. No tempo do Advento que estamos a percorrer, olhemos agradecidos e admirados para esta Porta, que é Maria, que se abre na terra para que o Céu venha até nós.
A primeira leitura é do Livro do Génesis 3, 9-5.20. Nesta leitura que vamos escutar, o Espírito Santo nos transmite verdades que estarão na origem da nossa situação terrena. Recordaremos o pecado dos nossos primeiros pais e o Amor de Deus por nós que permanece intacto, apesar da nossa recusa. O Senhor promete um Salvador e aparece já anunciada a presença da Mulher pela qual chegará ao mundo o Redentor que vence o mal e o demónio.
O Espírito Santo coloca em nossos lábios um cântico de louvor ao Altíssimo, pelas maravilhas que operou na Imaculada Conceição. Na verdade, por mediação de Maria Imaculada, “os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus”. “Cantai ao Senhor um cântico novo: o Senhor fez maravilhas” é o refrão do salmo 97 (98) 1.2-3ab.3cd-4, que a liturgia propõe para Salmo Responsorial.
A segunda leitura, porque estamos em tempo de Advento, é correspondente ao Segundo Domingo do Advento, Ano C. Escutaremos a Epístola de S. Paulo aos Efésios 1, 3-6.11-12. Nesta leitura, S. Paulo recorda-nos o projecto divino para o homem, que foi destruído pelo pecado dos nossos primeiros pais e foi restaurado por Jesus Cristo e em Jesus Cristo, com a perfeita cooperação de Maria.
Da terra ao Céu levanta-se um coro de louvor e aclamação em honra de Maria, Imaculada na sua Conceição. “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo”, diz o Anjo Gabriel a Maria, na narração evangélica deste Domingo, segundo S. Lucas 1,26-38. Maria Imaculada ocultava em si toda a beleza criada que o céu continha. “Cheia de graça” lhe chamavam as Três Pessoas divinas, num êxtase fecundo, em que cada uma se dá e se contempla. Maria era a ternura divina em gesto humano e na visão do seu rosto, Deus se recreava e se revia, quando pelas tardes passeava no Paraíso. A Imaculada Conceição revela-se como sinal da Igreja que vai nascer no Presépio, sem ruga nem mancha. “Cheia de graça”, Maria anuncia e prefigura a santidade da Igreja, chegada à plenitude do seu crescimento em Jesus Cristo. Na Conceição de Maria vemos a promessa já realizada, o princípio e o fim.
Desde a sua Conceição, Maria foi isenta de toda a culpa. Não podia ser presa do pecado a “Mãe da Divina Graça”. Só a “Cheia de Graça” podia ser a Mãe de Deus. Por Maria, o Filho que vai nascer começa a esmagar a cabeça do inimigo, a declarar inimizades, a estabelecer divisões. N’Ela foi restaurada a justiça original, o prometido retorno à perfeição perdida.
Imaculada significa luta entre o bem e o mal. Maria é a grande revolução saindo à rua. Imaculada traz em si a esperança do mundo, a aurora do dia que nasce. Maria encarnou o ideal da humanidade. O que Ela foi, também nós seremos. Imaculada contém um chamamento e uma resposta. Porque era Imaculada, Maria respondeu sim. A Senhora da Conceição chama-nos à santidade, a viver em perfeição as exigências do próprio estado.”Como será isto?” O caminho e a resposta é dizer sim, como Maria. Pelo caminho da obediência nos vem a redenção. Se o pecado foi desobediência, a graça é obediência. Só poderei esmagar a cabeça da serpente, se vencer orgulhos e cobardias, se fizer sempre e em tudo a vontade de Deus.
Peçamos a Nossa Senhora a graça de nos libertarmos da ideia enganadora de que o Evangelho é uma coisa e a vida é outra; que acenda em nós o entusiasmo para o ideal da santidade, que não é uma questão de santos nem de santinhos, mas de viver cada dia o que nos acontece, “humildes e jubilosos”, como a Virgem Maria, livres de nós mesmos, com os olhos voltados para Deus e para o próximo. Com a Bem-aventurada Virgem Santa Maria, vamos ser santos e imaculados, estabelecer inimizades entre o bem e o mal.


