AO PRINCÍPIO NÃO ERA ASSIM!

By

Reflexão à Liturgia da Palavra do XXVII Domingo do Tempo Comum, Ano B

A Palavra de Deus leva-nos hoje às origens do amor humano, a beber às fontes donde ele nasce. Anda o amor corrompido em sua pureza original, manchado de egoísmos e infidelidades. Mas no princípio não era assim.
Todos nascemos e vivemos com desejos sinceros e profundos de felicidade. Estes sentimentos tão sinceros e comuns foram depositados por Deus em nós. São bons e terão total correspondência com o encontro definitivo com Ele, no Reino dos Céus. Para atingirmos essa meta tão almejada, o Senhor marcou a cada um o caminho que deverá percorrer nesta vida, que é sempre tão passageira. Essa felicidade será totalmente alcançada por cada um, na medida em que acertar com o caminho proposto por Deus. A esse chamamento chamamos vocação. Como é importante encontrá-lo. Dessa descoberta e seguimento dependerá a verdadeira felicidade terrena e eterna de cada um. Grande parte da humanidade foi escolhida por Deus para seguir pelo caminho da vida matrimonial. É desse chamamento que de uma maneira especial nos falam as leitura da Missa deste Domingo. Vamos estar atentos para que ninguém se deixe enganar pelo demónio, pai da mentira,, que odeia a nossa verdadeira felicidade e por isso se opõe à família, ao Sacramento do Matrimónio.
Na primeira leitura, tirada do primeiro livro da Bíblia, Génesis 2, 18.24, Deus ensina a igual dignidade do homem e da mulher e a indissolubilidade do matrimónio. “Não é bom que o homem esteja só”. Lemos no princípio desta leitura. A sexualidade humana significa complementaridade e indigência. Homem e mulher existem um para o outro. Somos seres incompletos, que no diálogo com os outros nos remimos e completamos. Precisamos de um outro “semelhante”que nos faça sair da nossa solidão. Sexualidade é abertura para os outros, onde nos revemos e encontramos o que nos falta. Dela nasce o amor, expressão da plenitude e doação total.
“O Senhor nos abençoe em Toda a nossa vida” é o refrão do Salmo Responsorial, para o qual a liturgia propõe o salmo 127 (128) 1-2.3.4-5.6. Deus abençoa já neste mundo os que Lhe obedecem fielmente.
Vamos ter como segunda leitura e até ao final do ano litúrgico, alguns respigos da Epístola aos Hebreus, poucos, mas expressivos .. “Jesus, que por um pouco, foi inferior aos Anjos, vemo-l’O agora coroado de glória e de honra..,”, lemos no início da segunda leitura, da Epístola aos Hebreus, 2,9-11. Jesus assumiu a nossa natureza humana e sujeitou-Se à morte para nos salvar.
“No princípio da criação fê-los Deus homem e mulher”, esclarece Jesus no Evangelho de S. Marcos 19, 12-16 a ser proclamado neste Domingo. Daqui nasce a sexualidade humana. Vem-nos com o dom da criação e traça-nos um destino, a maneira de ser e de existir. É um dom de Deus. Não se confunde e reduz a função genital, mas compreende todo o nosso ser e marca todo o comportamento do homem e da mulher, integrando todos os seus valores. Ser homem e ser mulher é aceitar a sua verdade total, corpo e espírito.
“Deus criou o homem à Sua imagem; Ele os criou homem e mulher. (/Gen 1,27). A sexualidade humana é imagem de Deus, que consiste em dar-se. Esta semelhança com Deus faz-se, não só pelo espírito, mas também através da nossa condição carnal, pela qual a personalidade humana exprime e realiza a plenitude do seu ser. A realidade sexual aparece como imagem de Deus, quando comunica o amor autêntico, que nasce de Deus, fonte de vida e de todo o amor. A sexualidade reenvia-nos para Deus, onde as nossas exigências de dar e receber encontram sentido e plena realização.
No Sacramento do matrimónio, que a santifica e assiste no esforço de nos configurar a Jesus Cristo e a torna instrumento de graça. Integra-se no plano redentor do Pai, colaborando para o crescimento do Reino, em número e em santidade. A sexualidade humana torna o homem fecundo, física e espiritualmente, à imagem de Deus Criador, que se fez carne em Maria. Hoje, como no princípio, “Deus viu a Sua obra e achou-a muito boa” (Gen 1,31).
com divina autoridade, a unidade e indissolubilidade do matrimónio, condenando o amor livre, o adultério e o divórcio.
É por isso que o matrimónio é mistério grande. (S. Paulo aos Efésios 5,37). Significa a união indissolúvel entre Jesus Cristo e a Sua Igreja. Na linguagem dos profetas, o amor que Deus nos tem é amor esponsal. Com o amor de Deus, também o amor dos esposos não tem rotura. Amar é assim.
Invoquemos a Bem-aventurada Virgem Santa Maria, para que ajude os cônjuges a viver e a renovar sempre a sua união a partir da doação original de Deus.

Diácono António Figueiredo