VEM, ESPÍRITO DIVINO!

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Reflexão à Liturgia da Palavra do Domingo de Pentecostes, Ano B

A descida do Espírito Santo foi a grande tempestade que mudou o curso da História. Desceu o Espírito Renovador a recriar a terra, como no princípio, selando com fogo a Nova Aliança no Sangue de Jesus Cristo. Desde agora tudo é novo em caminhada constante para a novidade total. A novidade do homem e das coisas arde em fogo do Espírito.
A beleza e a densidade da celebração do Domingo de Pentecostes, proporciona-nos a experiência gratificante de Deus Espírito Santo que nos conduz ao Amor, à graça e à misericórdia do Pai, conduz-nos à Pessoa de Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro, feito doação e entrega por nós.
É pois o Deus vivo e verdadeiro que contemplamos, que celebramos e que amamos. O Deus que está no meio de nós e nos envia como testemunhas da amorosa Palavra do Pai, da Sua misericórdia. Envia-nos como testemunhas do amor incondicional do Filho. Envia-nos como Seus arautos, desejando incendiar o mundo com um fogo que cresce e se multiplica, tornando o mundo mais belo, mais saudável, mais humano e mais divino.
Línguas de fogo que suscitam palavras de verdade e de sabedoria, imprescindíveis para que todos se entendam e partilhem as maravilhas de Deus. “Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo e pousou uma sobre cada um deles”. Narra a primeira leitura,do livro dos Actos dos Apóstolos 2, 1-1. Todo a cristão é carismático. Fomos baptizados no Espírito Santo, que habita em nós e n’Ele temos acesso ao Pai. (S. Paulo aos Efésios 2, 18). Vive em cada um de nós à maneira de fogo que nos transforma e configura à Sua imagem, presença de amigo, que vem encher-nos dos Seus dons.
“Mandai Senhor o vosso Espírito e renovai a terra” é o refrão do Salmo Responsorial que entoaremos ou cantaremos com o salmo 103 (104) 1ab.,24c.29bc-30.31.34. Cantaremos sempre e instantemente para que seja enviado o Espírito Santo. Ele torna o nosso ver, ouvir e falar, a expressão de beleza, de gratidão e de compromisso.
Deixar-se conduzir pelo Espírito Santo é o segredo mais belo da sabedoria. Ele conduz à comunhão com o Pai e com o Filho. Conduz pelos caminhos da vida, da unidade e do compromisso. “Ninguém pode dizer “Jesus é o Senhor”, a não ser pela acção do Espírito Santo”. Começa assim a segunda leitura, da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios 12, 3b-7.12-13.
Jesus Cristo é o centro: centro de perdão, de misericórdia e paz e de reconciliação. Centro da nossa missão, da nossa vida, da nossa humanidade. “Dito isto soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”. (V. 22), narra a passagem evangélica deste Domingo, Evangelho segundo S. João 20, 19-23. Hoje é o dia de aniversário da Igreja, que neste dia começa a sua missão salvadora. Havia estruturas, mas faltava-lhes o Espírito a dar forma e vida ao projecto do Pai. Estruturas sem Espírito são como que barro inerte (Génesis 2,7), ossos dispersos no campo desolado (Profecia de Ezequiel 37,1). O Espírito Santo é a alma da Igreja, princípio de vida e de unidade, presença definitiva de Jesus Cristo e do Pai.
A Igreja é o tempo do Espírito Santo. Toda a sua vida é acção do Espírito, que nela mora e actua pela abundância dos seus carismas. A História da Igreja é o Evangelho do Espírito Santo. Vivemos agora na lei do Espírito, gravada a fogo no coração das pessoas. Já não somos escravos da letra, mas servos do Espírito que nos libertou. Para os ressuscitados em Jesus Cristo, o Espírito Santo é a lei. Nova Aliança, nova lei.
.A Igreja é carismática na sua origem e missão. Foi o carisma perene do Pai e do Filho, que o Espírito Santo vivifica pela abundância dos seus dons. A grande novidade da Igreja hoje é a redescoberta do primado do Espírito, que andava envolto na camada espessa de estruturas e observâncias. Na vida da Igreja, todos os dias são dia do Pentecostes, efusão do Espírito Santo em dons ordinários e dons extraordinários.
O cristão é o homem ou a mulher animado (a) pelo Espírito Santo que o faz agir sobrenaturalmete.. Ele é o princípio da nossa fé e do nosso conhecimento, o amor de Deus derramado em nossos corações. “Fomos baptizados num só Espírito para constituirmos um só corpo” (2.ª leitura). É por Ele que o povo de Deus se reúne em unidade na diversidade dos seus carismas. O Espírito que desceu era um só,. Mas as línguas eram diferentes. Unidade é graça; e a diversidade também.
O Espírito Santo é o presente pascal de Jesus Cristo ao mundo e à Igreja. Vem ficar connosco, como divino refém e garantia do perdão do Pai e do Filho. É a semente, a graça que nos faz renascer para a vida , trazendo em si a remissão dos pecados. “Recebei o Espírito Santo; os pecados serão perdoados àqueles a quem os perdoardes”. O perdão que os traz renova a face da terra, dando aos homens e mulheres uma alma nova e um coração novo.
A redescoberta do Espírito Santo em nós é a maturidade cristã, o fruto apetecido da vida em graça.
Hoje peçamos à Bem-aventurada Virgem Santa Maria, Mãe da Igreja, para que o Espírito Santo desça em abundância, encha o coração dos fiéis e acenda em todos o fogo do seu amor.

Diácono António Figueiredo