Paróquia de Linda-a-Velha

Reflexão à Liturgia da Palavra da Solenidade da Epifania

A solenidade da Epífania é Natal outra vez. A noite de Belém fez-se dia, a gruta dilatou-se para acolher todas as pessoas.Agora todos os povos caminharão atrás de uma estrela. A Luz dos homens e mulheres é Jesus Cristo. A alegria do encontro é o Natal de todos os dias.
O mistério que se revelou comsiste no chamamento universal à salvação. Deus quer salvar todas as pessoas e fazer delas um povo de filhos e filhas, sentados à mesa do seu Reino no banquete eterno. Já não há distinções ou barreiras, mas formamos todos um só povo, “herdeiros da mesma herança e da mesma promessa em Cristo Jesus” (2.ª leitura).A salvação de Jesus Cristo é a grande epifania do amor que Deus nos tem.
O profeta Isaías canta a glória da nova Jerusalém, iluminada pela luz do Messias e que acolhe todos os povos da terra. “Levanta-te e resplandece Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor”. Assim começa a primeira leitura, tirada do Livro de Isaías 60, 1-6. O texto canta a glória da Jerusalém renovada, figura da “Jerusalém nova descida do Céu”. A visão universalista que o poema apresenta corresponde à realidade da Igreja, que é católica, uiversal.
S. Paulo fala do mistério da salvação trazida por Jesus Cristo, não só para os judeus, mas para todos, homens e mulheres. “Por uma revelação foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo”, diz a segunda leitura, tirada da Epístola de S. Paulo aos Efésios 3, 2-3a.5-6. Nesta passagem, S Paulo define em que consiste “o mistério de Cristo”. Os gentios que vêm à Igreja , estão no mesmo pé de igualdade que os judeus procedentes do antigo povo de Deus: não há lugar para cristãos de primeira e cristãos de segunda.
Os magos vieram adorar a Jesus e isso veio dar novo sentido às suas vidas.”Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemops adorá-l’O”, diz a passagem evagélica deste Domingo, tirada do Evangelho de S. Mateus 2, 1-12. O caminho dos Magos é itinerário de fé. Com efeito, a fé nasce dum apelo, duma estrela que se levanta. Mas não basta conhecer a estrela, como a conheceram os escribas e os doutores; tems de segui-la e coprometer-nos nela. As exigências da fé perturbam e desinstalam; por isso muitos se recusam. As crises de fé são muitas vezes crises de mandamentos. A fé exige a resposta da vida , fiel e coerente, caminhar na luz das boas obras.
Fé é partir como Abraão e os Magos, deixar para trás vantagens e seguranças. Não há fugas nem objecções, mas a resposta humilde e fiel, que vence o pó do caminho e as curvas intermináveis. Quando a estrela se esconde é nuvem que passa, dificuldade que se levanta. Para além das perguntas e noites da fé, espera-nos oculta “uma enorme alegria”.
“Prostaram-se e ofereceram-lhe presentes”, narra o Evangelho. Protar-se e adorar é a posição correcta diante de Deus. A fe vive-se de joelhos; so assim se vê bem. A grande oferta dos Magos foi o dom de si mesmos, como hóstia viva, santa e agradável (S. Paulo aos Romanos 12,1). A isto se reduz o culto espiritual dos cristãos. Com Jesus Cristo nos oferecemos ao Pai em espírito e verdade. O dom dos Magos aponta para o sepulcro, aponta para a cruz, prenúncio da morte e ressurreição. Recordam o ofertório de pão e vinho, que vão converter-se no Corpo e Sangue de Jesus Cristo.”Regressaram por outro aminho”. Porquê? Porque fé é andar por outra via, outras exigências e critérios, peregrinos da luz que nasceu. Todo aquele que enconttra a Deus tem de mudar de rumo.
A Igreja é a “casa” onde as pessoas encontram Deus. Ergue-se no mundo como sacramento universal de salvação, sinal que congrega os filhos de Deus dispersos (Evangelho de S. João 11, 52). A Igreja é a estrela que condus as pessoas, homens e mulheres a Jesus Cristo, mensageitra da Boa Nova. Epifania hoje, somos nós. Pelas obras do amor brilha para os outros a Luz de Jesus Cristo. A estrela da fé que em nós nasceu vai à frente a iluminar caminhos, os nossos e os de todos.
Epifania compromete. Cada cristão, homem ou mulher, há-de ser estrela, interrogação e caminho de quem procura. Para as ciladas de Herodes que ameaçam a fé, a resposta é cair de joelhos e adorar a Palavra de Deus qjue encarnou. Reacendem-se hoje estrelas, recomeçam buscas e caminhos novos.
Invoquemos a protecção da Bem-aventurada Virgem Santa Maria sobre a Igreja Univesal, para que possa difundir no mundo inteiro o Evangelho de Jesus Cristo, luz de todas as nações, luz de todos os povos!