
Reflexão à Liturgia da Palavra do Domingo III do Advento Ano B
Nesta caminhada de Natal vai adiante João Baptista como arauto e Precursor. Todo ele é Advento. A essência da sua missão consiste em ser testemunho. “Voz” é o seu nome. João não é a luz, mas o testemunho da Luz; não é o Messias, mas a Sua voz e expressão. A sua presença desperta no mundo o esforço de preparar caminhos. Estamos a celebrar o terceiro Domingo do Advento. João Baptista aparece-nos em toda a sua força, como testemunha da Luz. O seu desafio dá o tom a esta celebração: “Preparai os caminhos do Senhor!”. Como João Baptista, devemos testemhunhar Jesus Cristo, o Salvador prometido ao nosso mundo.
O profeta Isaías entoa um cântico de alegria aos que regressam do exílio e que foram recebidos com frieza e hostilidade pelos habitantes de Jerusalém. Ele tem tanta certeza de que o amor de Deus libertará o seu povo, que manifesta a impressão de já estar presente na festa. “Exulto de alegria no Senhor …”, refere a primeira leitura, extraída do livro de Isaías 61, 1-2a.10.11.
Apesar de termos tantos motivos para a tristeza, somos hoje convidados a ter a mesma confiança de Maria e a entoar um cântico de alegria por causa da salvação operada por Deus. “Exulto de alegria no Senhor”, é o refrão do hino extraído de S. Lucas 1, 48-48.49-50.53-54, que a Liturgia apresenta como Salmo Responsorial para este Domingo.
S. Paulo recomenda: “vivei sempre alegres”. A alegria cristã não é uma atitude passageira de festas humanas, mas um estado permanente de quem confia que a vida cristã é uma caminhada ao encontro do Senhor que vem. “Vivei sempre alegres”, assim começa a segunda leitura, tirada da primeira Epístola de S. Paulo aos Tessalonicensses 5, 16-24. É a condição para encontrar Jesus Cristo, o sinal dos que marcham ao seu encontro. A nossa alegria crescerá na medida do conhecimento de Jesus Cristo e da nossa comunhão com Ele. A alegria cristã funda-se na Boa Nova que nos liberta, na fidelidade de Deus e na paz que nos traz pelo dom de seu Filho. O Pai envia ao mundo o seu Filho para que a nossa alegria seja completa (Evangelho de S. João 16,24). Fomos contagiados pela alegria do Pai, através do seu Filho Jesus, sorriso de Deus e dos homens. O cúmulo da alegria que nos inunda é Jesus Cristo no meio de nós. Com Maria que se alegra, também nós exultamos emj Deus nosso Salvador (Evangelho de S. Lucas 1,46).
O Evangelho apresenta-nos João Baptista, a “Voz” que prepara os homens para acolher Jesus. O objectivo de João não é centrar sobre si próprio o foco da atenção pública; ele está apenas interessado em levar os seus interlocutores a conhecer Jesus, Aquele que o Pai enviou. “Eu não sou o Messias”, diz Jão Baptista na passagem evangélica, retirada do Evangelho segundo S. João 1,6-8.19-28. Humildade é exigência do Advento. Por isso João Baptista se humilha. Perante Jesus que aparece, “é necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Evangelho segundo S. João 3,30). João Baptista é precursor da humildade d’Aquele que se fez Servo para exaltar os humildes. Ser o que sou, encher o meu lugar é a missão a cumprir, precursora de graça e redenção. Quando assim nos humilharmos é que somos grandes, porque Jesus Cristo cresce em nós. Em face da realidade cala-se a profecia. A grande sabedoria duma voz está em saber calar-se.
“No meio de vós está Alguém que não conheceis”, afirma João Baptista: Aquele que esperamos já veio. Vive connosco na Igreja, tocamo-l’ nos Sacramentos. Onde os pobres forem evangelizados e os cativos libertos, aí está o Salvador. Anda entre nós e não O reconhecemos. Não tem lugar nesta sociedade pervertida, nos ideais duma juventude alienada.
E nós, conhecemos Jesus Cristo? Sentimos a necessidade de sermos salvos? Não basta um conhecimento racional, mas temos de chegar à sabedoria do coração. Conhecer Jesus Cristo é segui-l’O e imitá-l’O. Conhecerei Jesus Cristo quando eu for Evangelho, onde os outros vêm ler e assimilar vida nova. Toda a vida do cristão é leitura em voz alta.
“Quem és tu”, perguntaram a João Baptista. O mundo tem os olhos postos na Igreja e em nós. Todos o cristão é Cristo, ungido como Ele, sacerdote, profeta e rei. Somos enviados de Jesus Cristo e suas testemunhas diante das pessoas. Temos de levar ao mundo o testemunho da luz que há em nós. A nossa condição de cristãos obriga-nos a ser resposta. A vida do cristão é interrogação que passa, resposta que fica. Quando a minha vida já não for para os as pessoas pergunta e inquietude, calou-se em mim a voz, apagou-se a luz.
Nesta última fase do tempo do Advento, confiemo-nos à materna intercessão da Bem-agenturada Virgem Santa Maria. “Ela é a causa da nossa alegria”, não só por ter gerado Jesus, mas porque nos reconduz continuamente a Ele.


