PREPARAI O CAMINHO

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Refleflexão à Liturgia da Palavra do Domingo II do Advento Ano B

A segunda semana do Advento convida-nos a preparar os caminhos. Os caminhos de Deus passam pelo deserto. É lá o lugar do encontro, onde se cruzam os caminhos de Deus e dos homens. Preparar caminhos, endireitar veredas é início da Boa Nova, que transforma vidas. Nos caminhos de Deus corta-se sempre a direito. Caminhos direitos são os corações rectos, prontos a acolher a Boa Nova e a confrontar com ela razões e sentimentos. O caminho novo a traçar em nós é Jesus Cristo. Pela sabedoria do coração estraremos em comunhão com Ele.
Neste segundo Domingo do Advento, o nosso olhar de fé e de esperança, iluminado pelo amor de Deus, abre-se à contemplação da pessoa de João Baptista, o precursor, que nos inspira na expectativa do encontro pessoal com Jesus Cristo, que baptiza no Espírito Santo.
“Preparar os caminhos do Senhor” é o convite que a liturgia nos faz neste segundo Domingo do Advento. É convite a deixar de lado as nossas prespectivas e aceitar as de Deus, ao mesmo tempo que aceitamos a companhia que Ele nos oferece.
O profeta, com voz poderosa , chega ao coração de todos. Ele levanta a fé e a esperança do seu povo.”Deus não Se esqueceu de vós, Deus aproxima-Se, o Senhor vem com força e a Sua glória se revelará. “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”. Assim começa a primeira leitura tirada do Livro de Isaías 40, 1-5.9-11.
“Mostrai-nos o vosso amor e dai-nos a vossa salvação”, é o refrão do Salmo Responsorial, no qual cantaremos ou recitaremos o salmo 84 (85) 9ab-10.11-12.13-14. Também a nós o Senhor dará o que é bom e não nos faltará com os auxílios da sua misericórdia.
Não andemos à procura da data da chegada do Senhor, do fim do mundo. Preocupemo-nos em estar preparados, com uma vida santa e grande piedade para acolher o Senhor que vem para criar um mundo novo. “O Dia do Senhor virá”, refere a segunda leitura, tirada da segunda Epístola de S. Pedro 3, 8-14. Não está demorado, como “pensam alguns”. Amanheceu na existência do mundo e da Igreja e cresce oculto para a manifestação e esplendor do último dia. As demoras de Deus são erros de cálculo das nossa contas humanas. Não troquemos os sinais. O grande sinal que já veio não são guerras nem cataclismos, mas o testemunho da vida cristã, em “piedade e santidade”. Ela será sempre a boa notícia que alegra o mundo. À luz da nossa vida, despertos pelo pregão das nossas obras, saberão as pessoas que o Messias já veio e habita em nós.
Não é uma estrada que vamos pisar; é um itinerário, é um estilo de comportar-se. Para isso, que temos de mudar dentro de nós, nos nossos costumes, na nossa vida? “Confessando os seus pecados”, diz-nos a passagem evangélica deste Domingo, respingada do Evangelho de S. Marcos 1,1-8. Preparar o caminho significa converter-se a uma vida diferente, “sem pecado nem motivo de censura” (2.ª leitura). Não há Advento nem Boa Nova sem conversão. Quando o Senhor no último dia só os puros de coração O hão-de ver. Converter-se é separar-se do mal e voltar-se para o bem, mudar radicalmente de vida e de critérios. Consiste em rectificar o que anda torto, nivelar orgulhos, preencher carências. Cada cristão que se converte é precursor do Senhor que vem, arauto dos novos céus e da nova terra. Mas a conversão radical insere-se no coração da vida. Mostra-se em obras de amor e de alegria, bondade e fidelidade, em sinais de paz e mansidão (Epístola de S. Paulo aos Gálatas 5, 22-23).
“Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo”, diz Jesus na parte final do Evangelho de hoje. O cristão é um convertido em estado de conversão. No Baptismo morreu para o pecado e vive para Deus. A conversão chegará ao fim, quando nos fixarmos n’Ele num olhar eterno, sem desvios. Até lá, temos de converter-nos todos os dias, vivendo a vida nova. Fomos baptizados no fogo do Espírito, que nos assimila e transforma. O Baptismo é o grande Advento, o grande encontro, pelo qual Jesus Cristo entra em nossas vidas a andar os caminhos dos homens de das mulheres. Levados pelo Espírito, vamos construir os novos céus e a nova terra, onde as coisas velhas passaram. Novos céus e nova terra são a novidade da vida.
O importante da nossa espera é a obra salvadora de Jesus Cristo, que actua sem cessar. Entre a primeira e a segunda vinda trabalha e resplandece a paciência de Deus. Em vez de interrogações e conjecturas, o importante é que o Senhor nos encontre em paz, “santos e irrepreensíveis.
O Salvador que aguardamos é capaz de transformar a nossa vida com a Sua força, com a força do Espírito Santo, com a força do amor. Com efeito, o Espírito Santo derrama em nossos corações o amor de Deus, fonte inexaurível de purificação, de vida e de liberdade. A Virgem Santa Maria viveu em plenitude esta realidade, deixando-se “baptizar” pelo Espírito Santo que a inundou com o Seu poder. Ela que preparou a vinda de Jesus Cristo com a totalidade da sua existência, nos ajude a seguir o seu exemplo e guie os nossos passos ao encontro do Senhor que vem.
A salvação que Jesus Cristo nos traz continua em Advento e caminhos, até raiar para todos o Dia do Senhor.

Diácono António Figueiredo