A ELE A GLÓRIA E O PODER

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Reflexão à Liturgia da Palavra
XXXIV Domingo do Tempo Comum Ano A

Solenidade de Nosso Senhor
Jesus Cristo Rei do Universo

O ano litúrgico termina em glória. Jesus Cristo que se fez peregrino do tempo e dos homens, era verdadeiramente Rei. Todo o ano litúrgico celebra a realeza de Jesus Cristo. Já nasceu Rei em Belém, estrela das nossas buscas e homenagens. No pretório e na cruz foi exaltado acima de todo o poder e soberania (S. Paulo aos Efésios 1,21). “É digno o Cordeiro que foi imolado de receber o poder e a riqueza, a sabedoria e a força, a glória, a honra e o louvor (Apocalipse 5,12). 

Nesta Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, o Messias-Rei-Pastor, no culminar do ano litúrgico, a celebração aponta-nos a centralidade da Pessoa e Missão de Jesus Cristo, que ilumina o sentido mais belo e profundo das nossas coordenadas, opções da nossa vida de discípulos. É também um apelo à nossa sabedoria responsável de colocar a render os nossos talentos. Um apelo a uma fé operativa do concrecto e do quotidiano, da visibilidade de Deus no rosto dos irmãos.

Todos estamos a caminho! O desejo de Jesus Cristo é que realizemos um trajecto feito na visibilidade de vidas concrectas: sedentas, famintas, frágeis, preteridas, vítimas, condenadas e poderem encontrar em nós, seus discípulos: sorrisos, mãos abertas, corações ternos, economias humanizadas, ambierntes de amor, construção da justiça, gestos que revelam o verdadeiro Rosto de Deus. Os irmãos, toda e qualquer pessoa, sobretrudo os mais frágeis, sejam o segredo da Encarnação do Evangelho em nossas vidas e a tradução da linguagem do Pentecostes e a correcta visão da eternidade.

Belo e amoroso Rei que nos aparece na figura do Pastor Messiânico que acolhe, vigia, guarda, alimenta, conduz, cura e salva.”Hei-de apascentar com justiça”, refere a primeira leitura tirada do Livro de Ezequiel 34, 11-12.15-17. É Ele o grande Pastor das ovelhas, para quem reinar é servir. Por isso, o Seu ofício real consiste em velar pelas ovelhas, tratar da que está ferida e reconduzir a que anda tresmalhada. Nada foge à sua solicitude de Pastor. Apascenta os nossos cuidados e conduz os nossos anseios sequiosos às águas refrescantes da graça, que nos fecunda e pacifica. Reina pela caridade e pela misericórdia, alimenta na paz e na justiça. O ceptro do seu poder está no amor que nos consagra, traçando caminhos, ditando leis. O resplendor do seu manto é a humildade que exalta.

“O Senhor é meu Pastor, nada me faltará” é o refrão do salmo 22 (23) 1-2a.2b-3.5-6 que cantaremos como Salmo Responsorial neste Domingo de Cristo Rei. Neste poema de amor, nos entregamos Àquele que se faz tudo para nós. 

Todos os que se identificam com Jesus Cristo levam em si o dinamismo da Ressurreição que já se opera em nós, no amor e no serviço aos irmãos.”Cristo é que tem de reinar”, refere a segunda leitura, tirada da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios 15, 20-26.28. O Reino de Jesus Cristo é fermento metido na massa, dinamismo da vida e da história. Deus criou o mubndo para implantar nele a realeza de Jesus Cristo. Encarnando e sofrendo, inaugurou um Reino de amor, que se constrói todos os dias. A posse definitiva virá ao fim, quando Jesus Cristo tiver posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. Então se completará o seu triunfo de Filho e Servidor. O sentido da realeza de Jesus Cristo orienta-se para recapitular tudo em Deus. 0 Reino de Jesus Cristo tem vassalos ocultos, que trabalham para Ele sem o saberem e só Deus conhece.

Jesus Cristo propõe-nos, com clareza, o fundamental para a nossa felicidade. “O Rei dirá então”, diz Jesus na passagem evangélica deste Domingo, tirada do Evangelho segundo S. Mateus 25, 31-46. O esplendor e plenitude do reinado de Jesus Cristo será o triunfo do amor. Pelo amor seremos julgados e entraremos à sua presença.Amor de Deus e do próximo são os validos do Rei. A realeza de Jesus Cristo actua no mundo como um julgamento, discernindo pensamentos, separando vidas e corações. O Juízo final é revelação e triunfo da realeza de Jesus Cristo. Mais do que condenação, o juízo de Deus é triunfo da realeza de Jesus Cristo. Mais do que condenação, o o juízo de Deus é plenitude de construção e acabamento da história. A história do mundo e da Igreja caminha na perspectiva do Juízo final, onde toda a realidade aparece a ser julgada para se inserir e reconciliar na realeza de Jesus Cristo.

“Vinde, recebei o Reino”, diz Jesus no Evangelho. Todo o cristão é rei com Jesus Cristo e tem um Reino por herança. “Deles fizeste um Reino de sacerdotes e reinarão sobre a terra” (Livro do Apocalipse 5,10). Arrancou-nos do poder das trevas e transferiu-nos para o Reino do seu Filho. “Vinde! Tive fome e destes-me de comer!” Reinar consiste em repartir-se por fomes e sedes que por nós gritam. Para possuir o Reinmo, o essencial é amar. Seremos coroados, quando tivermos o mesmo sentir de Jesus Cristo e vivermos com Ele a filiação adoptiva. Se correr em nós a mesma seiva de vida, seremos investidos da sua mesma realeza.

Oculta-se em cada instante um Reino que me espera. Na fidelidade à graça, aqui e agora, sou proclamado rei.

Peçamos à Bem-aventurada Virgem Santa Maria que nos ensine a reinar no servir. Nossa Senhora que subiu ao Céu, recebeu de seu Filhio a coroa real, porque O seguiu fielmente, é a primeira discípula, no caminho do Amor. Aprendamos com Ela a entrar desde já no Reino de Deus, através da porta do serviço humilde e generoso. 

DIÁCONO ANTÓNIO FIGUEIREDO