
Reflexão à Liturgia da Palavra do XXXII Domingo do Tempo Comum ano A
O Reino dos Céus é a celebração das bodas do Cordeiro. Na noite da fé saímos-lhe ao encontro pelos caminhos da esperança. O Senhor tarda, mas o amor não dorme. Fica de vela a esperança,. Sentinela na noite de imprevistos. As demoras de Deus são os ritos da fé. Quanto mais o Senhor tarda, mais a fé se enraíza e o brado aumenta.
Somos cristãos. Queremos viver com o Senhor todos os dias de cada semana. Por isso vamos viver e participar na Missa do trigésimo segundo Domingo do Tempo Comum, Ano A, para agradecer ao Senhor pelos dons que Ele nos concedeu,. Para Lhe pedir novas graças para a nossa vida.
“A Sabedoria é luminosa e o seu brilho inalterável;”, assim começa a primeira leitura, tirada do Livro da Sabedoria 6,12-16. A verdadeira sabedoria vem-nos do Senhor. Escutemo-l’O e sigamos sempre pelo caminho que nos indica.
“A minha alma tem sede de Vós, meu Deus”, é o refrão do salmo 62 (63) 2.3-4-5-6.7-8, que serve de Salmo Responsorial. Não troquemos o Senhor por aquilo que é ilusório. Só Deus sacia a nossa ânsia infinita de felicidade.
É bela a vida na terra. Pela fé acreditamos que o Senhor nos ressuscitará após a morte para com Ele vivermos felizes para sempre. “Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos”, diz a segunda leitura tirada da Primeira Epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses 4,13-18.
Quantas vezes o Senhor nos exorta à vigilância! Se cumprirmos em cada dia a missão que nos confiou, estaremos sempre preparados.”Foram ao encontro do esposo” refere Jesus na parábola narrada no Evangelho de S. Mateus 25, 1-13. Esperar é sair ao encontro. Como lâmpada acesa, vai connosco a divina sabedoria a perscrutar caminhos. A esperança funda-se no amor infinito de Deus, fiel às suas promessas. Foi Jesus Cristo quem nos deu a força de esperar e “regerou para uma esperança viva” (1.ª Epístola de S. Pedro 1,34). Por sua morte, abolindo o pecado, abriu-se a porta para o banquete do Reino. Vigílias na noite, saídas e lâmpadas são sinais pascais de libertação e entrada no Reino.
“Aí vem o esposo”. Era o grito esperado, despertando os que dormem. O esposo é Jesus Cristo. A noite simboliza a Parusía, a vinda do Senhor que não tarda. Os mistérios de Deus são caminhos na noite, sono da razão e dos sentidos. A noite é o manto da fé, recobrindo o mistério de Deus, que habita na luz inacessível.
Jesus Cristo já veio. Está connosco, vive em nós, nas nossas esperas e gritos. Vem a cada momento, revelado em qualquer luz, encarnado na história e na vida. Cada acontecimdento é um grito que no-lo traz. Surge no imprevisto, como um ladrão, “à hora em que menos pensais”. A sabedoria de Deus são imprevistos dos homens. Nas cercanias de Deus o imprevisto acontece sempre. Jesus Cristo virá outra vez para encerrar a história e tudo restituir ao Pai. Em Jesus Cristo tudo está conferido e recapitulado e o êxodo da humanidade chegará ao fim. No esplendor de Jesus Cristo também seremos manifestados.(S. Paulo aos Colossences 3,4).
“As que estavam prontas entraram”. Era a hora esperada. Para isso vieram com as suas lâmpadas acesas, providas de fé e de esperança. Não perderam tempo, enredadas por vendedores de promessas, mas esperaram pacientes a hora que não sabiam. Como as donzelas sensatas, temos de vigiar a luz para ver e sermos vistos.
A nossa lâmpada acesa é a fé e a caridade, refulgindo em boas obras. A nossa lâmpada é Jesus Cristo. A sabedoria da fé nos introduz nos mistéerios do Reino. Somos sábios e prudentes, quando soubermos esperar contra toda a esperança, para lá de cansaços e convenções. Para a esperança nunca é tarde. Se queres estar preparado, converte-te todos os dias, clamando sem cessar: “Senhor abre-nos a porta”.
“Vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora”, conclui Jesus. Vigiar é busca do Senhor. Vigiar é sabedoria evangélica, discernindo horas e apelos. Quando saímos em Sua busca, já Ele nos espera, sentado à nossa porta. Vigiar é orar, escuta do Senhor que vem.
Na Eucaristia podemos renovar as nossas provisões de fé e de esperança, para as vigílias e caminhos que nos restam. A Eucaristia é o começo das eternas bodas, que o Pai preparou para seus filhos.
Invoquemos a intercessão da Bem-aventurada Virgem Santa Maria, para que nos ajude a viver como Ela, uma fé concreta: eis a lâmpada luminosa com que podemos atravessar a noite, para além da morte e alcançar a grande festa da vida.


