QUAL O MAIOR MANDAMENTO?

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Reflexão à Liturgia da Palavra do XXX Domingo do Tempo Comum Ano A

Num mundo de egoísmos o problema é amar. Respondendo ao apelo, o cristão oferece ao mundo uma solução de amor. Amar a Deus e ao próximo até às últimas consequências é a vida para o mundo, a paixão do homem.
Vivemos num tempo de especial mobilidade, quer pela facilidade com que nos deslocamos, quer pelas contínuas convulsões sociais que levam as pessoas a procurar, fora da sua terra, possíveis condições de vida.
Os emigrantes não são invasores ou agressores, mas procuram sobreviver, precisando às vezes que todas as mãos se lhes estendam, para vencerem as dificuldades. O Senhor quer que dilatemos o nosso coração até às fronteiras do universo, para que todas as pessoas, de qualquer condição social, raça ou etnia possam caber nele.
Deste acolhimento nos fala o Senhor do mundo, na Liturgia da Palavra deste trigésimo Domingo do Tempo Comum, Ano A.
Moisés, em nome de Deus, ensina ao Povo da Aliança, na travessia do deserto, como se hão-de comportar para com as pessoas que não pertencem aos hebreus. Estes ensinamentos são válidos para todos os tempos e lugares e também para cada um de nós. A primeira leitura é tirada do Livro do Êxodo 22, 21-27 (20-26).
O Espírito Santo move-nos a fazer uma profissão de fé e de amor ao Senhor nosso Deus e a tornar este amor extensivo a todas as pessoas. Na verdade queremos amá-l’O porque nos socorre todas as vezes que O invocamos, como nossa força e refúgio. “Eu Vos amo Senhor: Sois a minha força”, é o refrão do Salmo 17 (18), 2-3.7,.47.51ab, que cantaremos como Salmo Responsorial deste Domingo.
S. Paulo, na primeira carta que escreve aos fiéis da Igreja de Tessalónica, louva-os pela sua fidelidade ao Evangelho e anima-os a continuar assim. Permita o Senhor que se possa dizer o mesmo de cada um de nós: “Tornastes-vos imitadores nossos e do Senhor, recebendo a palavra no meio de muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo; e assim vos tornastes exemplo”, refere S. Paulo na segunda leitura, tirada da Epístola aos Tessalonicenses 1,5c-10.
Jesus não Se cansa de nos repetir que a nossa vocação na terra e na eternidade é amar a Santíssima Trindade, a Bem-aventurada Virgem Santa Maria e todos os que já se encontram na bem-aventurança. Façamos um esforço generoso para colocar no centro da nossa vida o mandamento novo do Amor, que o Senhor nos recorda.
“Amarás o Senhor teu Deus”, refere Jesus na passagem evangélica deste Domingo, tirada do Evangelho de S. Mateus 22, 34-40. É o mais importante. Não basta um amor qualquer, mas “com todo o coração, com toda a alma e com toda a tua mente”. Exige amor total, responder ao amor de Deus com toda a capacidade de amar. Não basta amar com os lábios e o coração andar longe (Isaías 29,13). Na intimidade da oração se vive e se contempla o intercâmbio do amor e se escutam as suas exigêncas. Deus quer amor e não observâncias rituais.
“Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, prossegue Jesus. O homem é uma certa medida. Tenho de aceitar o outro como ele é, compreendê-lo e respeitá-lo como me compreendo e respeito a mim. Toda a pessoa é filha de Deus e por isso tem valores sagrados, que o constituem sujeito de direitos e deveres inalienáveis. A liberdade do homem e o respeito pela pessoa vêm-nos do berço, por divina descendência e fidalguia. Por isso mesmo,. Os grandes pecados do m,undo, hoje, são os pecados contra o ser humano, contra a dignidade da pessoa, que ferem o Coração de Deus e a Igreja denuncia (João Paulo II – Redemptor Homininis “Redentor dos Homens)”. A glória de Deus é o ser humano! A missão da Igreja , como a de Jesus Cristo, consiste em revelar plenamente o homem ao próprio homem..
Mas o mandamentio do amor é amar como Jesus Cristo amou. Agora a medida do amor é Jesus Cristo, o amor vivo que o Pai nos tem. Jesus Cristo amou-nos enmcarnando para fazer dos homens um só Cristo, uma família de irmãos. Por isso, o amor fraterno assume o próximo como ele é, esvazia-se de si para que o outro cresça. Jesus Cristo amou-nos morrendo. Enquanto não dermos a vida em serviço e renúncia, não sabemos o que é o amor. A novidade do mandamento está na maneira de amar. A novidade de Jesus Cristo consiste em dar-se.
Amamos o próximo, porque respeitamos nele a dignidade de filho ou filha de Deus. No amor que eu lhe tenho conhececerá ele (a) o amor que Deus lhe tem. Mas o amor não se fica em desejos; exige provas e sinais. Declara-se na dedicação às tarefas do bem comum, colaborando para o progresso matefrial e espiritual da comunidade. O nosso amor fraterno,como o de Jesus Cristo, é um amopr crucificado. No fogo do Espírito Santo se ateia e abrasa tudo.
“O seghundo é semelhante a este”, reforça Jesus. Os dois mandamentos não se identificam, mas completam-se. São duas faces dum só amor. O amor de Deus, para ser real, prova-se pelo amor do próximo. É o sinal por onde nós e os outros saberemos que o amor de Deus habita em nós. Amamos a Deus nos outros e não através dos outros. O próximo não é degrau para subir, mas morada para ficar. Não é paisagem que se cruza, mas companheiro (a) de jornada e peregrino da mesma vida.
“Toda a Lei e os Profetas”, conclui Jesus. Resumem-se no amor e convergem para Jesus Cristo. Viver em Jesus Cristo é amar. Pelo amor atingimos a plenitude de Jesus Cristo e da Lei. O que na Lei era anúncio, tornou-se essência e realidade na Lei da graça. Quando amarmos a Deus e ao opróximio com todo o coração, já não haverá dúvidas nem perguntas. O maior e mais importantde é amar!
Que a intercessão da Bem-aenturada Virgem Santa Maria abra o nosso coração para receber o «maior mandamento», o duplo mandamento do amor, que resume toda a Lei de Deus e da qual depende a nossa salvação.

Diácono António