TODOS CONVIDADOS

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Reflexão à Liturgia da Palavra do XXVIII Domingo do Tempo Comum Ano A

O Reino dos céus é celebração de amor; por isso se nos revela hoje num contexto nupcial. Renova-se o convite; repete-se a recusa. A parábola dos vinhateiros insiste no convitde universal para entrar no Reino, onde todos, bons e maus, têm lugar à mesa. Todos somos convidados.
Não há duas sem três. Mais uma vez, a rejeição de Deus é denunciada por Jesus, na parábola do banquete nupcial do filho do rei. Reunidos na celebração da Eucaristia, respondemos e correspondemos ao convite do Senhor, que nos prepara a mesa na abundância. Revistamo-nos do traje nupcial, da alegria, do perdão e da comunhão, para participarmos dignamente na mesa do banquete eucarístico.
Na primeira leitura, Isaías anuncia o «banquete» que um dia, Deus, na Sua própria casa, vai oferecer a todos os povos. Acolher o convite de Deus e participar neste «banquete» é aceitar viver em comunhão com Deus. Dessa comunhão resultará para o homem e para a mulher, a felicidade total, ávida em abundância. “Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos, um banquete de manjares suculentos, …”, assim começa a primeira leitura, tirada do Livro de Isaías 25, 6-10a.
“Habitarei para sempre na Casa do Senhor”, é o refrão do Salmo Responsorial deste Domingo, onde cantaremos o salmo 22 (23), 1-3a.3b.-4.5.6. Neste salmo realçamos a bondade do Senhor que nos acompanha com a sua bondade e nos convida a habitar na sua casa.
Na segunda leitura, S. Paulo apresenta-nos um exemplo concrecto de uma comunidade que aceitou o convite do Senhor e vive na dinâmica do Reino: a comunidade de Filipos. É uma comunidade generosa e solidária, verdadeiramente empenhada na vivência do amor e em testemunhar o Evangelho diante de todos os homens. A comunidade de Filipos constitui verdadeiramente um exemplo que as comunidades do Reino devem ter presentes. “Sei viver na pobreza e sei viver na abundância”, diz S. Paulo na Epístola aos Filipenses 4, 12-14.19-20, a proclamar como segunda leitura.
O Evangelho sugere que é preciso «agarrar» o convite de Deus. Os interesses e as conquistas deste mundo não podem distrair-nos dos desafios de Deus. A opção que fizemos no dia do nosso Baptismo, não é «conversa fiada»; mas é um compromisso sério, que deve ser vivido de forma coerente. “Vinde às bodas”, é o convite lançado pelo rei, conforme narra a parábola que Jesus conta, relatada na passagem evangélica deste Domingo, tirada do Evangelho de S. Mateus 22, 1-14. Os repetidos banquetes na vida de Jesus significam que o novo Reino se constrói em amor e comunhão. A sua vida e mensagem são um convite que nos traz para entrarmos na sua festa. Banquete é celebração de amizade, partlha de bens e corações. Toda a aliança termina em festa.
A parábola do banquete nupcial evoca a intimidade do amor entre Deus e o ser humano, os desposórios de Jesus Cristo com a sua Igreja.. A vida cristã é convite ao amor. Na alegria do banquete transparece e se anuncia o gozo da núpcias eternas do Cordeiro, onde não haverá lágrimas nem lutos e a morte será destruída. (primeira leitura).
“Mas eles não quiseram vir” (Versículo 3b do Evangelho). Recusas e infidelidades são a resposta constante aos apelos de Deus. Uns fecham-se em si mesmos, indiferentes, outros correm atrás de gostos profanos e interesses materiais. Vivem alheios às exigências do Espírito. Às propostas da graça, preferem os seus negócios, pondo a felicidade noutros convívios e alimentos. É a resposta de todos aqueles que não têm tempo para rezar e não põem Deus no centro da sua vida,. Enquanto Deus não valer mais do que as minhas preocupações e o meu tempo, conta para mim ainda muito pouco e não ocupa o lugar que lhe pertence. Temos à nossa espera um banquete preparado e enganamos a fome com migalhas de ilusão.
“E a sala do banquete encheu-se de convidados”, refere a parábola. Fomos atraídos de longe a entrar no Reino, por caminhios e horas inesperadas. O amor de Deus recria-se no imprevisto. Há nas nossas buscas e cansaços, apetites de Deus, fome de pão vivo. Caminhos e esperas introduzem-nos no banquete que o amor de Deus preparou. Afé e o amor fazem manjar de tudo o que acontece. Para o banquete do Reino, o importante é ter fome. Só os saciados não terão lugar à mesa.
“Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?”. (versículo 12 do Evangelho.). O convite tem condições; a resposta compromete-nos. O convite é gratuito, mas não dispensa ritos de exigências. As obras da carne não têm lugar na festa. Só os que forem fiéis se sentarão à mesa do Reino do Pai. O cristão é o conviva do novo Reino, cingido da veste nupcial. Ela nos revela e apresenta aos olhos de Deus e das pessoas. A veste nupcial simboliza a fé e a caridade, recobrindo de graça e de verdade, a nudez da nossa imperfeição. Veste branca, nupcial, é revestir-se de Jesus Cristo. (S. Paulo aos Romanios 13,12). Configurado com Ele, sentar-me-ei confiante no eterno banquete, que o Pai preparou para os seus filhos.
A Eucaristia antecipa as bodas eternas do Cordeiro. A nossa fome e pobreza nos introduzem na festa. Mas o banquete da graça exige e compromete. Não há falsas seguranças nem lugares cativos. “Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos”, conclui o Evangelho.
Que a Bem-aventurada Virgem Santa Maria nos ajude a imitar os servos da parábola evangélica para sairmos dos nossos esquemas e da nossa mente fechada, anunciando a todos que o Senhor nos convida para o seu banquete, para nos oferecer a graça que salva para nos dar o seu dom.

Diácono António Figueiredo