
Reflexão à Liturgia da Palavra do XXI Domingo do Tempo Comum Ano A
Jesus Cristo é exigente; por isso, muitos O abandonam. Rompiam em aclamações na hora de comer, mas voltavam-lhe as costas quando se tratava de acreditar. Para o comum das pessoas, Jesus Cristo é um desconhecido. Esperavam triunfos e grandezas; por isso não O reconhecem. Jesus Cristo, manso e humilde, o do amor crucificado, não tem lugar nesta sociedade de consumo. Em sondagens de opinião, Jesus Cristo ficará sempre em minoria.
Deus vem ao nosso encontro. Ele quer encher o nosso coração daquela sabedoria que permite exprimir a vida nas afirmações profundas da fé. Uma fé que sabe reconhecer Jesus Cristo como Messias e Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Uma fé que cria um vínculo profundo com Jesus Cristo, que se traduz numa vida de coerência e esmerada fidelidade no mesmo projecto.
Pedro fez a sua profissão de fé, como iniciando um coro enorme de crentes e da Igreja de todos os tempos.. Em Pedro, a fé em Jesus Cristo é o início de um caminho que vai amadurecendo, também com a experiência da suas fragilidades. Uma fé estruturante nas dimensões imprescindíveis da pessoa humana, da sociedade e da Igreja. Fé que sulca todas as dimensões, para se exprimir na fidelidade à verdade, à justiça, à caridade. Fé autêntica no acolhimento de Jesus Cristo e da Igreja e das suas propostas.
A nossa fé é também um caminho nunca acabado por entre desafios, dificuldades e fragilidades. Mas neste caminho é necessário que seja uma fé semelhante à de Pedro que se fixa permanentemente em Jesus Cristo. Na Eucaristia, mistério sensível e profunda da fé, fazemos a experiência com o Deus vivo, a Sua Igreja e a exigência do compromisso que emerge desse encontro.
Ser fiel a Deus leva consigo a fidelidade à missão, que se traduz em serviço, cheio de fecundidade e alegria. Disto nos fala a primeira leitura, extraída do livro de Isaías 22, 19-23.
Para Salmo Responsorial, a Liturgia propõe o salmo 137 (138), 1-2a.bc-23.6.8bc. Este salmo de acção de graças e de louvor, exprime a alegria daquele que se sente amado por Deus e corresponde ao Seu amor.
A sabedoria e a ciência de Deus são profundas e insondáveis. Mas que alegria! São sempre para nosso bem e em nosso favor. Estas as ilacções tiradas da segunda leitura, respingada da Epístola de S. Paulo aos Romanos 11, 33-36.
Fixar a nossa vida em Jesus Cristo, para que ela se transforme num permanente e vivificante anúncio. “E vós, quem dizeis que Eu sou?”, Perguntou Jesus aos seus discípulos, na passagem evangélica deste Domingo, trada do Evangelho de S. Mateus 16, 13-20. Era o que lhe importava saber. Para os outros, Jesus Cristo será sempre uma vaga notícia, pedra de escândalo, o entusiasmo dum momento. Não vêem n’Ele o Enviado do Pai, a salvação que Ele nos dá, caminho de regresso ao paraíso perdido. Não O aceitam como opção radical, que compromete a pessoa e a vida.
E nós, que dizemos? Da resposta dos Apóstolos e da nossa, depende a missão a que nos destina. Seguir a Jesus Cristo é acreditar n’Ele, viver a Sua vida “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. Pedro proclama a messianidade de Jesus Cristo e a Sua origem divina. Não se funda na força da suas razões, mas na revelação do Pai. É Ele que de longe nos atrai e concede chegar ao Filho. (Jo 6,65).
Jesus disse a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja”. A fé de Simão mudou-lhe o nome em Pedro. A fé tudo muda. O nome que Jesus lhe deu investe-o na missão nova de ser rocha firme, onde vai assentar a Sua Igreja. Outro nome, outra missão. Jesus Cristo deu a Pedro o seu próprio nome. Pedra única angular é Jesus Cristo e fora d’Ele não há construção. Pedro é a rocha, porque assenta em Jesus Cristo, a força inabalável da Sua Igreja. A fé de Pedro confirma os seus irmãos e faz deles pedras vivas, consolidadas e unidas num edifício que se levanta. As forças do mal nada poderão contra ela. A força da Igreja está em acreditar na força que leva em si. A Igreja é Jesus Cristo ressuscitado. O mal e a mote já não têm poder sobre ela.
“Dar-te-ei as chaves do Reino dios Céus”, diz Jesus a Pedro. Dar as chaves é confiar-lhe o poder. Deu-lhe io poder de proibir ou permitir, condenar e absolver. A infabilidade é dom de Jesus Cristo à Sua Igreja, confiado a Pedro e seus sucessores, que ensinam de uma maneira ordinária e extraordinária, assistidos pelo Espírito Santo, interpretando o sentir unânime do colégio episcopal e de todo o povo de Deus. Sem a certeza desta assistência, não sairia à luta contra as forças do mal e sucumbiria aos seus ataques. Pela sua ressurreição, Jesus Cristo tornou-Se a chava que abre o Reino dos Céus. Ele é “o que abre e ningém fecha” (Apocalipse 3,7). As chaves de Pedro são as chaves de Jesus Cristo.
Qual a nossa resposta? O que é Jesus Cristo para mim?. Tenho de estabelecer com Jesus Cristo uma relação pessoal que me comprometa. “Nós acreditamos n’Aquele em que Pedro acreditou” (Santo Agostinho) A minhja resposta exige luta, porque levo o tesouro em vasos frágeis. “Acautelai-vos, para que não venhais a cair da vossa firmeza” (2.ª Epístola de S. Pedro 3,17). Jesus Cristo que me interoga vive na Igreja. Acreditar nela é acreditar em Jesus Cristo.
E vós, quem dizeis que é a Igreja? A Virgem Santa Maria, Bem-aventurada porque acreditou, seja a nossa guia e modelo no caminho da fé em Jesus Cristo e nos torne conscientes de que a nossa confiança n’Ele dá pleno significado à nossa caridade e a toda a nossa existência.


