SINAL GLORIOSO

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Reflexão à Liturgia da Palavra da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

Termina em glória o mistério de Maria. Unida a Jesus Cristo, companheira do divino Redentor, “Maria foi preservada da corrupção do sepulcro e tendo vencido a morte, como seu Filho, foi elevada em corpo e alma à glória do Céu” (Pio XII). Portadora do seu Filho, “dirigiu-se para os montes”; e levada agora por Ele, subiu ao Céu, solidária na mesma glória e triunfo. Aquela que desceu e se fez serva, tinha de subir a ser rainha.
A Igreja reveste-se neste dia de toda a solenidade, para celebrar a Assunção gloriosa de Maria em corpo e alma, revestidos de glória, ao Céu. Sem ter de esperar pela ressurreição gloriosa no fim do mundo, Deus antecipou, na Sua e nossa Mãe, o que vai ser a glorificação de todos os que morrerem na felicidade da fidelidade a Deus. Comove-nos profundamente pensar que temos no Céu uma Mãe solícita que nos olha com ternura, nos ouve com solicitude e cujo Coração Imaculado exulta quando a invocamos.
O Livro do Apocalipse 11,19a.12,1-6.10ab, na primeira leitura, apresenta-nos, em visão profética, Nossa Senhora da Assunção, defendendo-nos dos ataques do dragão infernal. Renovemos a nossa confiança na Bem-aventurada Virgem Santa Maria, neste dia em que celebramos a sua glorificação em corpo e alma. “Apareceu no Céu um sinal grandioso”, refere a primeira leitura. Este sinal é a Igreja e Maria, enquanto seu modelo e perfeição. A Assunção gloriosa da Mãe de Jesus “é imagem e princípio da Igreja, que terá o seu acabamento na vida futura” “Lumen Gentium do Concílio Vaticano II, 68). Maria subindo ao Céu, é aurora da Igreja triunfante, sustento do povo peregrino até chegar o grande Dia.
Mas a Assunção da Bem-aventurada Virgem Santa Maria é sinal de esperança para os filhos e filhas de Deus. Caminha diante de nós, precursora das divinas promessas, que nela vemos realizadas. Ele guia o povo de Deus na caminhada para a Casa do Pai, alimentando os nossos esforços e buscas, que nos elevam à plenitude da nossa glória e crescimento em Jesus Cristo. Em Maria se contempla a imagem da realidade futura, do destino que nos espera. Pela sua exaltação, a vitória de Jesus Cristo ficou mais perto. Já a temos em casa, já nos corre no sangue e na vida. Não é utopia, mas realidade, vivida na fé e na esperança.
A Liturgia da Palavra, depois de ter proclamado em nós uma visão profética de Maria, convida-nos agora a aclamá-la com um salmo. Glorifiquemos Nossa Senhora com este Salmo Reponsorial, Salmo 44 (45) 10.11.12.16, enquanto não chega o momento de nos encontrarmos com Ela no Paraíso.
Na sua Primeira Carta aos fiéis da Igreja de Corinto, S. Paulo ajuda-nos a avivar a nossa esperança. Na felicidade eterna, também a morte, que nos enche de tristeza, será vencida, como em Maria, pela ressurreição final, seguindo a Ressurreição gloriosa de Jesus Cristo, nossa Cabeça. “Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram”, refere a segunda leitura, tirada da Primeira Epístola de S. Paulos aos Coríntios 15, 20-27.
A Assunção gloriosa de Nossa Senhora é a promessa de Deus já realizada completamente em Maria. Como ela, salvas as distâncias, também nós ressuscitaremos, como nos garante Jesus no Evangelho. “Feliz daquela que acreditou”, narra a passagem evangélica, tirada do Evangelho de S. Lucas 1, 39-56. A Assunção é a Páscoa de Maria, a sua vitória sobre a morte, a passagem definitiva para a glória do Pai. No triunfo , Jesus Cristo apresenta ao Pai as primícias dos resgatados. Maria é o fruto mais perfeito, amadurecido na cruz de Jesus Cristo, o mais rico troféu da sua vitória pascal. Levada pela fé, transpõe montanhas e eleva-se acima do pecado e da morte. A Assunção de Maria é a vitória da fé. Toda a sua vida foi Assunção, subida por entre nuvens ao encontro de Deus, cumprindo a Sua Palavra.
“Exaltou os humildes”, reza Maria no Magnificat no Evangelho. A humildade resgatada deu em Maria o seu fruto mais belo, o obra prima da natureza e da graça. A Assunção de Maria consagra o nosso corpo. Nela toda a carne viu a salvação e as realidades terrenas adquirem um sentido novo. No corpo glorificado de Maria se contempla e revê toda a humanidade, que já possui em esperança a mesma glória e triunfo. O ser humano integral aparece no esplendor do fim que nos espera. Tudo sobe, tudo triunfa, porque tudo foi assumido em Jesus Cristo ressuscitado.
A Assunção de Maria é a festa da fé. Mas o caminho do triunfo passa pelo deserto, cenário de lutas e ataques do dragão. Vai à frente o “grande sinal” a iluminar o caminho. Maria está connosco; o seu triunfo é nosso. Só foi adiante a preparar-nos um lugar. Peçamos à Bem-aventurada Virgem Santa Maria, porta do Céu, a graça de começar cada dia erguendo o nosso olhar para o Céu, para Deus e dizer “Obrigado”, como dizem os pequeninos aos grandes.

Diácono António Figueiredo