O PROGRAMA DA MISSÃO

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Meditando a Liturgia da Palavra

do XIII Domingo do Tempo Comum ano A

Diácono António figueiredo

A Liturgia da Palavra continua a proclamar o “discurso apostólico”, o programa da missão. O Senhor convida os Apóstolos a deixar tudo e tomar a cruz para O seguir. Só assim seremos acolhidos como enviados em seu nome. O nossos destino de profetas e missão a cumprir é Jesus Cristo em nós. 

Neste décimo terceiro Domingo do Tempo Comum, ano A, somos convidados a acolher Jesus Cristo em nossas vidas e a sermos acolhedores uns dos outros. Assim como o profeta Eliseu recebeu a mulher sunamita em sua casa, assim também nós somos chamados a abrir os nossos corações e os nossos lares, para receber Jesus Cristo presente nos mais necessitados. O amor e a compaixão de Jesus Cristo sejam os nossos guias neste caminho de acolhimento e serviço ao próximo.

O relato do segundo livro dos Reis, ensina-nos sobre a recompensa da generosidade e hospitalidade. Quando abrimos as nossas vidas e recursos para servir os servos de Deus, testemunhamos o poder da provisão divina. Deus não só satisfaz as nossas necessidades, mas também aos desejos mais profundos do nosso coração. A primeira leitura é proveniente do segundo livro dos Reis, 4,8-11.14-16a.

Para Salmo Responsorial a Liturgia propõe o salmo 88 (89), 2-3-16-17.18-19. Este salmo exalta as misericórdias do Senhor que são dignas de serem cantadas eternamente. É um convite para reconhecer e louvar a bondade de Deus que se estende ao longo de toda a eternidade.

A Epístola de S. Paulo aos Romanos 6, 3-4.8-11, é a segunda leitura da Liturgia da Palavra deste Domingo. Esta Epístola fala sobre a nossa identificação com Jesus Cristo na morte e ressurreição. Ao sermos baptizados, morremospara o pecado e ressuscitamos para uma vida nova em Jesu8s Cristo. Devemos viver em santidade, sabendo que Jesus Cristo vive em nós.

O chamamento radical para seguir Jesus Cristo, exige renúncia e dar-Lhe prioridade absoluta. Quem não está disposto a carregar a cruz e deixar tudo para O seguir não é digno d’Ele. Mas aqueles que O servem, mesmo com pequenos actos, experimentam a alegria de ser parte do Seu Reino.”Quem tiver achado a vida há-de perdê-la”, diz a passagem evangélica deste Domingo, tirada do Evangelho de S. Mateus 10, 37-42. Jesus não nos propôs um programa fácil. Exige dos seus discípulos uma escolha radical, a audácia de deixar tudo. Quem lhe puser condições e voltar para trás a fazer contas e medidas não é apto para as empresas do Reino. Os seguidores de Jesus Cristo aprenderam a nova economia, lei da graça, onde ganhar a vida é perdê-la e perdê-la é encontrá-la. Reproduzem na vida a lição do grão de trigo que morre para dar fruto. Só o cristão entende esta lei nova, que vem lançar a confusão no mercado dos valores e contradizer as razões da vã sabedoria. 

“Quem não toma a sua cruz, não é digno de Mim”, adverte Jesus. A cruz é a divina sabedoria qe se ergue ao alto dos nossos pensametos, que tudo ilumina e esclarece. Só a cruz dignifica, porque nos torna conformes à imagem de Jesus Cristo. Os enviados e Jesus Cristo têm a cruz por sinal. Onde não há cruz, não há envio nem missão. Amar pelo Seu coração, ver pelos Seus olhos – eis a missão.

“Quem vos acolhe, acolhe-Me a Mim”, anima Jesus. A Igreja é o acolhimento do Pai, oferecido aos homens em seu Filho Jesus. Quem a rejeitar, rejeita Jesus Cristo e recusa a salvação de Deus. Em cada pessoa que passa, bate-nos à porta um outro Cristo, oculto entre névoas e sinais. Mas, para ser apóstlo, tenho de acolherr a Palavra e ser transformado em Jesus Cristo. Os meus gestos e atitudes querem ser o eco e a ressonância da verdade que levo às pessoas. Se a minha não tiver o sabor da Palavra que anuncio, o mundo não entende e passará ao largo. Só hei-de ser acolhido, quando eu acolher a cruz. Serei acolhido pelos outros, quando eu me perder por eles.

A vida cristã é acolhimento de Jesus Cristo, fazer a votade do Pai. Neste acolhimento se completa a unidade de vida e missão. Ao aceitar Jesus Cristo, aceitamos o Pai e vivemos na unidade do Espírito Santo. A Palavra que saiu do Pai entrou em nossos corações para crescer e dar frutos. O cristão é um acolhedor de Jesus Cristo, que guarda a Sua Palavra.

“Se alguém der de beber a um destes pequeninos …”, promete Jesus. Diante de Deus todos somos pequeninos, frágeis e indigentes. Apagar sedes dos outros, dar-se aos pequeninos, é maneira de crescer e ser saciado. Cada irmão ou irmã que passa tem sede de acolhimento, ânsia de compreensão. Acolher é aceitar o outro como é, respeitá-lo na sua dignidade de pessoa.. Compreender é entrar dentro da outra pessoa, em diálogo e proposta de amor e comunhão. É ao calor humano que a pessoa, tal como as rosas, cresce e se vai abrindo.

Há pequeninos ao nosso lado que nos pedem de beber. Vamos dar-lhes acolhimento e compreensão para os ajudarmos a ser grandes.

A Bem-aventrada Virgem Santa Maria, a mais humilde e nobre de todas as criaturas, nos implore de Deus a sabedoria de coração, para que possamos discernir os seus sinais na nossa vida e participar daqueles mistérios que escondidos aos soberbos, são revelados aos humildes.