
Reflexão à Liturgia da Palavra
do XII Domingo do Tempo Comum Ano A

A palavra do Senhor neste Domingo apresenta aos discípulos as dificuldades e exigências da missão. Como eles, também nós fomos escolhidos e enviados como ovelhas para o meio de lobos.
A nossa adesão a Jesus Cristo e o compromisso evangélico levantam contradições, desinstalam as nossas vidas e seguranças. A missão vive-se em dor, até que se cumpra, paga-se com a vida. Na contradição e na luta é que a mensagem se purifica de aderências mundanas e se perserva da corrupção do mal. Somos profetas de Deus, que não se calam, correndo o risco de dar tudo.
O medo escraviza as pessoas, impedindo-as de viver com a alegria e a liberdade de filhos e filhas de Deus. É como uma camisa de forças que nos tolhe os movimentos. Jesus Cristo veio libertar-nos do medo, iluminando-nos com a Verdade e vencendo o medo com a Sua Paixão e Morte na Cruz. Uma confiança inabalável no nosso Pai do Céu é o único e firme alicerce para lutarmos contra o medo nas suas diversas manifestações. Desta batalha que estamos a travar, fala-nos a Liturgia da Palavra deste décimo segundo Domingo do Tempo Comum, Ano A.
O profeta Jeremias sofre perseguição por anunciar a vontade de Deus e chega mesmo a colocar em risco a sua vida. Só o Espírito Santo, com o dom da Fortaleza, , nos pode levar a viver esta fidelidade ao que Deus quer de nós. “O Senhor está comigo”, diz a primeira leitura, tirada da Profecia de Jeremias 20,10-13 (v 11). Como Jeremias e todos os profetas, o cristão é um comprometido. Pelo Baptismo foi ungido profeta para ser enviado a gentes estranhas, de línguas desconhecidas. Escolheu seguir a Jesus Cristo no meio das perseguições, confiando n’Ele e entregando-Lhe a defesa da sua causa. Como discípulo fiel, declara-se pelo seu Mestre. No viver de cada dia, leva impressa a mensagem que o acredita diante do ser humano. Confessa o Senhor e reconhece-O pela observância dos mandametos e deveres de estado, na vida familiar e social. Para o cristão, viver é Jesus Cristo.
Mas se o cristão se compromete, Jesus Cristo compromete-se muito mais. Eu comprometo-me com a minha fragilidade e Jesus Cristo compromete-Se com a Sua omnipotência. Eu reconheço-O diante dos homens, mas Jesus Cristo reconhece-me diante do Pai. “Todo aquele que se declara por Mim diante dos homens, também Eu me declararei por ele diante de meu Pai”. (Mt 10,32).
Não poderemos sòzinhos manter a nossa fidelidade ao Senhor no meio das dificuldades. Por isso a Igreja coloca em nossos lábios um salmo pelo qual imploramos do Senhor a Sua ajuda. Para Salmo Responsorial deste Domingo, a Liturgia propõe o salmo 68 (69),8-10.14.17.33-35.
S. Paulo na Carta aos fiéis da Igreja de Roma, ensina-nos que, se em Adão entrou o pecado no mundo, por Jesus Cristo entrou a vitória sobre ele. Com o triunfo sobre o pecado e a morte, restituindo-nos a filiação divina. Jesus Cristo alcançou-nos a vitória sobre o medo.”Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram”. Refere a segunda leitura, tirada da Epístola de S. Paulos aos Romanos 5, 12-15.
O Espírito Santo constituiu-nos testemunhas de Jesus Cristo, como Ele é testemunha e rosto visível do Pai. Procuremos, com a vida e com a palavra, dar testemunho de Jesus Cristo, Luz, Verdade e Vida, vencendo todos os medos. “O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do Dia”, aconselha Jesus na passagem evangélica deste Domingo, tirada do Evangelho de S. Mateus 10, 26-33. A missão do cristão é revelar Jesus Cristo como Ele revelou o Pai. Vamos dizer ao mundo o que escutámos ao ouvido no acolhimento da palavra, no silêncio da fé e da oração. Que ninguém se feche com o segredo ou vá enterrar o tesouro precioso. Se é dom, tem de partilhar-se. A Palavra do Senhor é revelação progressiva. Tudo virá a descobrir-se, quando Jesus Cristo, a verdade total, aparecer na glória do Seu Reino. À luz da fé, “nada há oculto , que não se venha a saber”.
“Não temais”, encoraja Jesus no Evangelho. Entrámos na luta em nome de Jesus Cristo. Vai connosco a força do Espírito. Se a obra é de Jesus Cristo, são d’Ele também as lutas e contradições. Da fragilidade tira força e converte os nossos fracassos em triunfo e redenção. Não teme os que matam o corpo aquele que se alimentra do Pão vivo que dá a vida eterna. Não somos devedores do mal e das trevas, mas vivemos na na luz e liberdade dos filhos de Deus.
O cristão abandona-se e confia. Não põe a sua confiança nos recursos humanos, nem se apoia na força da vâ sabedoria. Tem por seu lado a ternura do Pai, que tudo faz acontecer para o bem dos seus filhos. O mistério da Providência é laço de amor que tudo envolve, solicitude de Deus, marcando horas e encontros. No Coração do Pai está tudo previsto. Lutas equedas, tudo conta para o amor. Tudo o que énosso lhe pertence, tudo O interessa e extasia. Valemos muito mais do que pensamos. Porque tememos?
A Bem-aventurada Virgem Santa Maria, que amou Jesus Cristo mais do que a sua própria vida e O seguiu até à cruz, nos ajuda a colocar-nos sempre diante de Deus com o coração disponível, deixando que a Sua Palavra julgue os nossos comportamentos e as nossas escolhas.

