
Reflexão à Liturgia da Palavra
do Domingo da Santíssima Trindade

A solenidade da Santíssima Trindade celebra a obra das Três Pessoas divinas, síntese e plenitude de todas as festas. Nela tudo começa e por ela tudo acaba. A sua grandeza não é solidão, mas comunidade das Três Pessoas, na unidade de uma só natureza.
No principio o Verbo estava em Deus. Foi Ele quem no-lo contou. O Deus que habita numa luz inacessível revelou-se em Jesus Cristo. Ele é o rosto do Pai, “a imagem do Deus invisível”. (Epístola de S. Paulo aos Colossenses 1,13). O silêncio de Deus fez-se Palavra em seu Filho, para nos revelar os seus segredos. O mistério da Trindade revelou-se na Encarnação. O Menino que vai nascer “será chamado Filho do Altíssimo” e tudo acontecerá porque “o Espírito Santo virá sobre ti”. No Baptismo de Jesus, os céus abriram-se e o Pai apresentou ao mundo o Filho muito amado, revelado pela presença do Espírito Santo. Ressuscitou e subiu ao Céu para nos enviar do Pai o Espírito Santo prometido.-
O misério da Santíssima Trindade, celebrado neste Domingo, é o “mistério central da fé e da vida cristâ”, no dizer do Catecismo da Igreja Católica (n.º 261). Só Deus podia dá-lo a conhecer, revelando-Se como Pai, como Filho e como Espírito Santo. Adoremos e louvemos tão grande mistério e peçamos ao Espírito Santo que nos ilumine com suas luzes, para mais e melhor podermos amar o Pai e o Filho e o Espírito Santo. .
“O Senhor é um Deus terno e compassivo”, refere a primeira leitura, tirada do Livro do Êxodo 34, 4b-6.8-9. Deus é ternura, Deus é Amor. A Solenidade da Santíssima Trindade faz-nos subir à fonte. Deus revela-Se Amor dando-nos o Seu Filho, que nos amou até ao extremo de dar a vida. (Evangelho segundo S. João 3,16). Podia ter criado outros mundos diferentes, mas não podia ter dado mais do que nos deu, amar mais do que amou. O Filho veio reconciliar os homens com o Pai no amor do Espírito Santo. A salvação do Filho é obra do amor do Pai, confirmada e continuada pela efusão do seu Espírito. O amor de Deus revela-se no amor misericordioso.
Deus é Aquele que salva. Para isso enviou ao mundo o seu Filho. A sua obra é salvar e não condenar. “Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para ser salvo por Ele” (Evangelho de S. João3,17). Não adoramos uma abstracção ou a vaga notícia dum bem ausente, nmas o Amor em Pessoa, que nos criou e remiu. Conhecemos as Três Pessoas divinas pela missão de salvação realizada por Jesus Cristo. A salvação é obra dos Três, divina expressão do Amor encarnado. O Pai é a fonte e origem de toda a graça; o Filho é o único mediador e causa meritória; o Espírito Santoé o dom perfeito, dispensador de todos os bens. O Pai envia, o Filho salva, o Espírito Santo actua. O projecto de amor que o Filho trouxe do Pai, realiza-se no mundo pela força do Espírito Santo. Sopra o vento, desce o fogo e a redenção continua.
Sabemos que o Senhor não abandona os que n’Ele confiam. A sua misericórdia corresponde à nossa esperança, conforme nos demonstra o Salmo Responsorial deste Domingo, tirado da Profecia de Daniel 3, 52.53.54.55.56.
S. Paulo na segunda Epístola aos Coríntios , traz-nos uma saudação trinitária que foi recolhida na Liturgia da Igreja e que é bem conhecida por todos os fiéis. “O Deus do Amor do Amor estará sempre convosco”, salienta a segunda leitura . Tirada das Segunda Epístola de S. Paulo aos Coríntios 13, 11,13. O mistério da Trindade toca-se em nossos corações, aonde o Pai enviou o Espírito de seu Filho. (Epístola de S. Paulo aos Gálatas 4,6). Fomos batizados e marcados em nome da Santíssima Trindade. O cristão acredita no amor do Pai, manifestado em seu Filho Jesus. A vida cristã é a resposta do amor filial, ditada pelo Espírito, que em nós clama: Pai! Enxertados na Trindade pelo Baptismo, vivemos da sua vida, que faz de nós filhos e filhas de Deus, Corpo de Jesus Cristo, templos do Espírito Santo.
“Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito”. Assim começa a passagem evangélica deste Domingo, tirada do Evangelho segundo S. João 3,16-18. Esta consideração procede do enlevo, do encanto e deslumbramento de quem contempla o rosto de Jesus Cristo e o inefável amor de Deus pelas suas criaturas; o mistério da Trindade revela-se-nos num admirável mistério de amor, o da Incarnação e Redenção. “Aprende a louvar o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Aprende a ter uma devoção particular à Santíssima Trindade: creio em Deus Pai, creio em Deus Filho, creio em Deus Espírito Santo; espero em Deus Pai, espero em Deus Filho, espero em Deus Espírito Santo; amo a Deus Pai, amo a Deus Filho, amo a Deus Espírito Santo. Creio, espero e amo a Santíssima Trindade” (S. José Maria).
No mistério da Trindade se gerou e edifica a comunidade cristã. A Igreja é a imagem da Trindade: diversidade das pessoas na unidade do amor. Somos Igreja porque acreditamos no Amor. Voltemo-nos para a Bem-Aventurada Virgem Santa Maria: Ela é as melhor mestra do amor de Deus. “Ela é Rainha, é Senhora, é Mãe, que tem a relação mais íntima com a Santíssima Trindade; Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Santo e ao mesmo tempo nossa Mãe.” (S. José Maria).

